domingo, 25 de julho de 2010

COMO BRILHAR *Bertrand*


COMO BRILHAR



Perguntei ao sol

Qual o segredo

Para sempre iluminar

Ele respondeu:

Perca o medo

Deixe seu coração falar



Perguntei a flor

Qual a magia

Para tudo perfumar

Ela respondeu:

Sorria!

Só amor irá exalar



Perguntei a lua

Qual o mistério

Para o poeta inspirar

Ela disse baixinho:

Aceite o brilho dos outros


Você também pode brilhar

Bertrand

Reflexão poética - FERNANDO PESSOA



"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá a falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um 'não'.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

METODOLOGIA EM EAD - Professora Claudia Murta

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA



A introdução à metodologia de trabalho da Educação Aberta e a Distância deve ser antecedida de uma reflexão sobre metodologia de ensino e de aprendizagem. A proposta deste módulo é apresentar alguns modelos metodológicos de ensino e de aprendizagem para que o aluno possa perceber o contexto em que a metodologia EAD se insere.

Devemos ter sempre em mente que a Metodologia EAD está inserida em uma proposta de ensino e da aprendizagem na qual o aluno não tem a presença constante do professor para guiá-lo em sua busca pelo conhecimento. Neste módulo, apresentamos questionamentos de propostas metodológicas de ensino nas quais o professor é situado como o mestre, que vai ensinar o que o aluno deve aprender. Esse tipo de concepção gera, no estudante, uma atitude passiva diante do processo de aprendizagem; a postura que ele assume é a do não-saber, enquanto que a postura assumida pelo mestre assume é a do saber. Essa tensão entre as partes não ocorre na metodologia EAD, visto que não existe ninguém que ocupe o lugar de mestre e possa representar o papel inibidor nesse processo.

Pensar a EAD implica buscar compreender a relação entre o processo de escolarização e a reprodução de economias de poder e privilégio na sociedade mais ampla. Significa, ainda, olhar a educação na perspectiva do alcance de objetivos que deixem claras as posições político-metodológicas da proposta educativa que se quer desenvolver. Nessa ótica, a EAD deve ser compreendida como uma dimensão da educação, que pode contribuir para mudanças paradigmáticas, que superem a escola tradicional. Ressalte-se, a esse respeito, a superação de um dos paradigmas de sustentação da maioria de nossos modelos pedagógicos: o aluno como receptor de conhecimento.

Na metodologia EAD, o aluno deve ter uma postura ativa diante do processo de ensino e de aprendizagem; ninguém pode fazer isso por ele, já que não existe a figura centralizadora do mestre. A EAD faz parte de uma cultura pós-moderna, na qual o mestre centralizador do processo foi destituído de seu lugar e, em substituição a este, criou-se uma rede de ensino e aprendizagem na qual todos os atores são fundamentais para a manutenção do processo. Integram essa rede o professor elaborador de material didático, a equipe multidisciplinar, o professor formador, o tutor e o aluno. Sendo assim, quando pensamos em metodologia EAD, devemos pensar também na metodologia de aprendizagem do aluno.

O modelo de EAD adotado pela UFES é semipresencial. Nele está incluído material didático impresso, multimídia, suporte tecnológico em rede com o apoio da plataforma moodle, tutoria a distância via rede e tutoria presencial. O aluno, ao deparar com essa estrutura de ensino e de aprendizagem, pode ter dúvidas sobre a quem se reportar. Sua primeira referência é o material didático que ele receberá assim que a disciplina for liberada para ele.

No material didático, construído de forma dialógica, o aluno recebe orientações de como estudar. Com o material em mãos, a primeira ação do aluno deve ser a de organizar sua metodologia de estudo. No material didático destinado à metodologia EAD, são apresentadas algumas metodologias de ensino e aprendizagem visando à percepção da EAD, pelo aluno, como um processo diferenciado de ensino e de aprendizagem, no qual cabe a ele elaborar a própria metodologia de aprendizagem.

Isto não significa, porém, que o aluno estará sozinho nesse processo. Ele tem auxílio direto da tutoria, com quem pode partilhar suas escolhas e, sempre que precisar, buscar ajuda para o processo de aprendizagem. O modelo adotado pela UFES dispõe de um sistema variado de tutoria que envolve: tutores presenciais à disposição do aluno em encontros presenciais previamente agendados; tutoria a distância, que pode orientar o aluno por meio da plataforma moodle; e acompanhamento tutorial do professor formador, responsável pela aplicação da disciplina, que orienta tutores e alunos. O aluno não está e não deve ficar sozinho nesse processo de aprendizagem.

Para apresentar o tema da metodologia EAD, escolhemos o modelo de estudo de caso. Assim, descrevemos três casos cujas propostas metodológicas de ensino e de aprendizagem diferem. Pretendemos, com esse formato, que o aluno perceba a multiplicidade de propostas envolvidas no processo de aprendizagem, identificando aquela em que se enquadra a metodologia EAD.

- No primeiro módulo, apresentamos “Um caso na Filosofia”. Utilizamos um diálogo de Platão, o Mênon, no qual Sócrates ilustra seu método de ensino.

- No segundo módulo, descrevemos “Um caso na Psicanálise”. Partimos da metodologia de ensino proposta pelo psicanalista Jacques Lacan.

- No terceiro módulo, disponibilizamos “Um caso na educação”. Apresentamos a metodologia de ensino proposta pelo professor de literatura francesa, Joseph Jacotot, em comparação com o método Paulo Freire.

Os primeiros passos para a aproximação com o tema a ser abordado na disciplina devem ser a leitura do programa juntamente com o estudo do mapa de atividades, ambos disponibilizados na plataforma moodle.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Toda mudança deve começar por você

Toda mudança deve começar por você
Eunice Ferrari


Às vezes a vida se torna meio chata e difícil, mesmo assim não podemos deixar de pensar e tentar compreender os seus motivos. Encontrar esses motivos faz com que nossas vidas e problemas, junto com os obstáculos que enfrentamos, se tornem mais leves.


Existem momentos que são realmente difíceis e irritantes e é nessa hora que devemos exercitar e colocar em prática tudo o que aprendemos teoricamente em nosso caminho espiritual. Existem pessoas que, ainda imersas nos ensinamentos caracterizados pelos dogmas, acreditam que, se viverem a vida de forma equilibrada, comendo saudavelmente, tratando bem às pessoas que se relacionam e trabalhando com organização e afinco, escaparão das dificuldades da vida.


É claro e lógico que podemos diminuir muito dessas dificuldades seguindo um código de ética definido, mas não se esqueça que o que passamos no dia de hoje é resultado direto de nossas ações e reações no passado. E é exatamente por isso que devemos parar para refletir sobre nosso momento presente.


Se em uma situação limite perdemos a razão e reagimos com dureza e irritação, certamente continuaremos a repetir o mesmo padrão que construímos no passado e dessa forma não mudamos nada.


Possuímos um corpo mental exatamente para controlar e compreender nosso corpo emocional. Se deixarmos que as emoções corram livremente como cavalos selvagens, nos tornamos vítimas de nosso ego e conseqüentemente da vida.


No entanto, se usarmos nossa capacidade reflexiva e não deixarmos que as emoções tomem a dianteira das situações, passamos a funcionar de maneira diferente da que sempre funcionamos e, assim, desenvolvendo cada vez mais nosso corpo mental, nos tornamos donos e senhores de nossas vidas. A cada tentativa e acerto nos tornamos mais fortes e nossos egos inferiores são impedidos de se manifestar.


Dessa forma, damos passagem à manifestação de nossas almas, de nossos egos superiores, nossa vida se torna cada vez mais fácil de ser levada. Os problemas passam a ser enfrentados de outra forma, com mais tranqüilidade, otimismo e fé.


Costumo sempre dizer que "tudo o que é passageiro, passa". E isso é óbvio. No entanto, muitas vezes conseguimos perder toda e qualquer compreensão exatamente por deixarmos de lado nossa capacidade analítica.


Se você está passando por algum problema neste momento, e é quase certo que esteja, pare para pensar em qual é o tamanho e o valor dessa questão que o incomoda.


Alguns pequenos problemas emocionais e de saúde, problemas no trabalho e financeiro, enfim, problemas passageiros. Pense honestamente o tempo que precisa para resolvê-lo: uma semana, um mês, um ano, dois anos? Isso é passageiro.


É fato que nessa situação terá que colocar em andamento muitas das qualidades que possuí e que de vez em quando precisam ser acionadas. Esse é o exato momento em que precisa colocar em prática as teorias espirituais que conhece.


É sabido que, se fizermos um pequeno movimento de mudança, na maioria das vezes, muita coisa pode mudar. Se não mudarmos nossa forma de reagir, estaremos, como animais irracionais, repetindo compulsivamente ações e reações do passado. Isso não ajuda em absolutamente nada.


Portanto, se deseja mudar algo em sua vida, comece por você. Se está enfrentando alguma situação de dor, avalie os motivos que levaram você a enfrentar esse momento. E mude. Tenha coragem de mudar. Não deixe para depois o treinamento eficaz do controle sobre suas emoções.

Caso exista falta de consciência de seus reais motivos, é interessante procurar ajuda de um bom profissional para trazer à tona o que você ainda desconhece. Volto a dizer que "tudo o que é passageiro, passa". E se você parar para pensar vai perceber que não se lembra de muita coisa que aconteceu a você no ano passado.

Se a dor é de amor ou de falta de dinheiro, também vai passar. Basta escolher qual o caminho que deve seguir para recomeçar e construir uma nova vida...

sábado, 10 de julho de 2010

Portal do Professor


Portal do Professor:
características, objetivos, como explorar?
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html



O Portal do Professor viabiliza inúmeras ferramentas de suporte pedagógico, bem como, cursos (pela Plataforma Paulo Freire), interação com professores de outros estados, assim como troca de experiências, materiais didáticos, planos de aula e projetos.
É mais um suporte pedagógico que o educador poder utilizar e aprimorar seus conhecimentos, e com isso, levar aos educandos aulas dinâmicas, criativas e prazerosas.


O Portal do Professor é um espaço para troca de experiências entre professores do ensino fundamental e médio. É um ambiente virtual com recursos educacionais que facilitam e dinamizam o trabalho dos professores.
 O conteúdo do portal inclui sugestões de aulas de acordo com o currículo de cada disciplina e recursos como vídeos, fotos, mapas, áudio e textos. Nele, o professor poderá preparar a aula, ficará informado sobre os cursos de capacitação oferecidos em municípios e estados e na área federal e sobre a legislação específica.



. O que é o PORTAL DO PROFESSOR ?
O PORTAL DO PROFESSOR é um site que disponibiliza para os professores uma ferramenta de criação e manutenção de sites, voltado à atividade acadêmica.
O Professor poderá criar e dar manutenção em seu site sem o auxílio de profissionais especializados. Além disso ele terá seu site hospedado em provedores de primeira linha, sem se preocupar com aspectos técnicos ou custo de hospedagem.
2. Como funciona?
É muito simples.
Primeiro o Professor deverá acessar o link assine já e seguir as instruções de preenchimento.

Depois você deve ler o contrato e dar o aceite nos termos contratuais.
Em seguida você deverá definir o nome para formar o seu endereço na internet e também o seu LOGIN de acesso futuro.

Você deverá também definir algumas palavras chaves para ser localizado por um aluno que não saiba o seu endereço ou o seu nome.

Assim você chegará ao final do processo e receberá em sua caixa postal, um email contendo o seu login e sua senha.

3. Quanto Custa?  
Nada. É gratis!
4. Quais são os cuidados que devo tomar?
Você não deve informar seu login e sua senha para ninguém, pois não nos resposabilizaremos pelo uso indevido de seu site.
5. Como faço para criar o meu site?
As instruções de criação e manutenção estão no link GERENCIADOR , quando você clica neste botão, se abrirá uma janeira para digitação do login e da senha.
Aí você estará entrando no Gerenciador, e poderá criar e alterar seu site quantas vezes quiser.
6. Eu gostaria de anunciar no site como devo proceder?
Entre em contato através do botão CONTATO, e nos informe sobre o que deseja que retornaremos rapidamente.
7. Quanto custa pra anunciar?
O preço pode variar dependendo do tempo de veiculação e do tamanho do anúncio.
8. Qual o endereço devo divulgar para meus alunos visitarem meu site?
O seu endereço será sempre o nome que você definiu, antecedido por www.portaldoprofessor.com.br/nome, Você poderá utilizar também o seguinte endereço precedendo seu nome www.docencia.com.br/nome .
Assim, se um Professor que se chama Luis Carlos Silva definir seu nome para constituir o seu endereço como "luiscsilva" o seu endereço (URL) será www.portaldoprofessor.com.br/luiscsilva, ou se preferir www.docencia.com.br/luiscsilva.
9. Como faço pra alterar meus dados cadastrais?
Você deverá entrar no GERENCIADOR clicar em Cadastro, e seguir as instruções.


QUARTA ATIVIDADE: ALUNA ANGELICA R. SALES

ANAC quer “protecção da criança no ciberespaço”


QUARTA ATIVIDADE: ALUNA ANGELICA R. SALES

  ANAC quer “protecção da criança no ciberespaço”

A Agência Nacional de Telecomunicações (ANAC) vai distribuir a professores e pais um manual sobre o uso seguro e responsável da Internet por parte das crianças.

A cartilha, que está em fase de conclusão, vai ter dicas sobre o bom aproveitamento da Internet. A sua distribuição deverá começar dentro de dias, avança a ANAC.
Além disso, a agência vai organizar, no próximo ano lectivo, um ciclo de palestras também sobre o acesso das crianças à Internet e com o mesmo público-alvo: professores, pais e encarregados de educação.
As duas iniciativas foram anunciadas no âmbito do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, que se comemorou no último domingo, 17 de Maio. Este ano, o lema é “Proteger as crianças no ciberespaço”.
“Ao navegarem pela Internet”, recorda a ANAC, os jovens “ficam expostos à influência de um feixe da sociedade real, que também está presente no mundo virtual, sendo assim necessário um certo grau de responsabilidade”.

A Origem da Logomarca Cibercultural.

QUARTA ATIVIDADE: ALUNA ANGELICA R. SALES


http://www.youtube.com/watch?v=VtzXSSLP2cA

A Origem da Logomarca Cibercultural.

O Que é A Cibercultural? http://migre.me/97kG

Cibercultural é o resultado do relacionamento do ser humano com o Ciberespaço.

Cibercultural:  http://www.cibercultural.art.br

O QUE É CIBERCULTURA?

O QUE É CIBERCULTURA?


“A cibercultura é a relação entre as tecnologias de comunicação, informação e a cultura, emergentes a partir da convergência informatização/telecomunicação na década de 1970. Trata-se de uma nova relação entre tecnologias e a sociabilidade, configurando a cultura contemporânea (Lemos, 2002).

O princípio que rege a cibercultura é a “re-mixagem”, conjunto de práticas sociais e comunicacionais de combinações, colagens e cut-up de informação a partir das tecnologias digitais. As novas tecnologias de informação e comunicação alteram os processos de comunicação, de produção, de criação e de circulação de bens e serviços.

Caracteriza a cibercultura três leis fundadoras que vão nortear os processos de re-mixagem, são elas:

1. A liberação do pólo da emissão: “Pode tudo na internet”, “tem de tudo na internet”.

2. O princípio de conexão em rede: “a rede está em todos os lugares”, ou como dizia a publicidade de “Sun System”, “o verdadeiro computador é a rede”. Essa lei é o princípio de conectividade generalizada, iniciou com a transformação do PC (computador pessoal), em CC (computador coletivo), com o surgimento da Internet e o atual CC móvel (computador coletivo móvel), era da computação pervasiva com a explosão dos celulares e das redes Wi-Fi. Tudo comunica e tudo está em rede: pessoas, máquinas, objetos, monumentos, cidades…

3. Reconfiguração (entende-se a idéia de remediação, mas também a de modificação das estruturas sociais, das instituições e das práticas comunicacionais) de formatos midiáticos e práticas sociais: “tudo muda, mas nem tanto”.

Na cibercultura, novos critério de criação, criatividade e obra emergem, consolidando, a partir das últimas décadas do século XX, essa cultura remix (possibilidade de apropriação, desvios e criação livre), que começam com a música, com os DJ’s no hip hop e os Sound Systems, a partir de outros formatos, modalidades ou tecnologias, potencializados pelas características das ferramentas digitais e pela dinâmica da sociedade contemporânea. BBC mostra como a “ciber-cultura-remix” está em expansão através dos blogs, podcasts, sistemas P2P, obras artísticas e softwares livres.

A cibercultura tem criado o que está sendo chamado de “mídia do cidadão”, onde todos são estimulados a produzir, distribuir e reciclar conteúdos.

As expansões da cibercultura potencializam o compartilhamento, a distribuição, a cooperação e a apropriação dos bens simbólicos.

A área acadêmica também tem se esforçado neste contexto, no que se refere a sinergia das causas tecnológicas e efeitos sociais e vive-versa.

A batalha para conquista do espaço ainda está longe de acabar, porém, os cidadãos virtuais já estão produzindo conteúdos pelos princípios da liberação da emissão, da conexão generalizada e da reconfiguração da indústria cultural, o que parece ser um caminho irreversível na atual cibercultura, como afirma o DJ Spooky.

Caroline Diel e Giovana Basso!


QUARTA ATIVIDADE: ALUNA ANGELICA R. SALES

As origens da palavra "ciberespaço"

Ciberespaço





As origens da palavra "ciberespaço" já trazem consigo uma idéia do seu significado. Empregado frequentemente nas discussões sobre novas tecnologias, o termo tem sido cada vez mais utilizado na mídia. Muito embora nos interesse aqui o ciberespaço proporcionado pela Internet, a abrangência dessa expressão e do seu significado vai muito além dessa nova mídia, pois, como veremos a seguir, envolve toda infraestrutura das redes telemáticas, bem como as informações e até os seres humanos. O próprio termo surge antes mesmo do advento da Internet propriamente dita.

Esse termo foi criado em 1984 pelo escritor norte-americano Wiliam Gibson no seu livro de ficção científica Neuromance e depois empregado em larga escala pelos criadores e usuários das redes digitais. Para Gibson, o termo designa todo o conjunto de rede de computadores nas quais circulam todo tipo de informação. É o espaço não físico constituído pelas redes digitais. Conforme assinala Lemos, esse conjunto das redes digitais, na obra de Gibson , é povoado pelas mais diferentes tribos. É uma "alucinação consensual", novo espaço gerador da civilização pós-industrial onde os cibernautas vão penetrar.

Para Lévi, o ciberespaço de Gibson tornou a "geografia móvel da informação", normalmente invisível, em algo sensível e como resultado o termo foi logo adotado pelos desenvolvedores e usuários das redes digitais. Mas Lévi tece o seu próprio conceito e passa a chamar o ciberespaço de "rede". O novo espaço de comunicação proporcionado pela interconexão mundial de computadores e das memórias dos computadores. Incluindo aí todos os sistemas de comunicação eletrônica que transmitem informações oriundas de fontes digitais ou que sejam destinadas à digitalização. Lévi insiste no aspecto da codificação digital, pois esta condicionaria "o caráter plástico, fluido, calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informação" (1999, p. 92). Este último - virtual - ao seu ver, é a característica essencial do ciberespaço. Na introdução da obra Cibercultura, o filósofo francês apresenta um conceito sucinto e claro do ciberespaço:

[...] É o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo (LÉVI, 1999. p. 17).

Como afirma Lévi, o ciberespaço é "o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores". A partir disso, seria possível identificar a Internet como sendo esse novo meio e concluir que são a mesma coisa. Entretanto, também para Lévi (1999, p. 32), existe uma diferença fundamental a ser considerada. "As tecnologias digitais surgiram, então, como a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também novo mercado de informação e do conhecimento." Assim, a Internet pode ser vista como parte dessas tecnologias digitais, ou como a infraestrutura de comunicação que sustentao ciberespaço, sobre as quais se montam diversos ambientes, como a Web, os fóruns, os chats, e o correio eletrônico, para ficar apenas com os exemplos mais comuns e disseminados. Em suma, o ciberespaço é o ambiente e a Internet uma das infraestruturas.

Ao usar este artigo, mantenha os links e faça referência ao autor:
O que é Ciberespaço? publicado 6/08/2009 por Aldemir Nicolau em http://www.webartigos.com
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/22537/1/O-que-e-Ciberespaco/pagina1.html#ixzz3qBgjcKTq


QUARTA ATIVIDADE: ALUNA ANGELICA R. SALES

Professor X Leitura

Professor X Leitura

Notícias

Programas da TV Escola discutem a importância da leitura

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A partir do momento em que entramos na escola, a prática da leitura se faz presente em nosso cotidiano. Desde as placas de trânsito até os livros que lemos. Porém, a atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas sim a interpretar e compreender o que se lê. É nesse contexto que algum programa do Salto para o Futuro, exibido pela TV Escola há 18 anos, discutem a importância da leitura na educação.

Os programas, feitos em formato de debate, sempre trazem especialistas e abordam assuntos como a cultura da oralidade e a sua importância para o desenvolvimento da escrita; a leitura de textos como atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos; os gêneros discursivos no cotidiano escolar; a produção de textos e o domínio das estratégias de organização da informação e da estruturação textual; a aula de língua portuguesa e o ensino da gramática.

Outro programa exibido pela TV Escola, na área de leitura, é Mestres da Literatura, uma série com 11 episódios. No ar desde 2001, mostra a vida e a obra de escritores brasileiros, como Machado de Assis, Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, entre outros. No site Mestres da Literatura, os professores podem obter informações sobre os escritores, bem como dicas e sugestões para realizar atividades na sala de aula a partir dos episódios da série.

A TV Escola é um canal de televisão criado pelo Ministério da Educação, em 1996, para capacitar, aperfeiçoar e atualizar educadores da rede pública de ensino. Ela pode ser sintonizada via antena parabólica (digital ou analógica), em todo o país, ou nas tevês por assinatura DirecTV (canal 237) e Sky (canal 27). A TV Escola também está disponível pela internet, no Portal do MEC.


Denise Tavares Corredoura
JANO


Ciberespaço e cibercultura: novos cenários para a sociedade, a escola e o ensino de geografia

HELENICE M. B. BERGMANN

Secretaria Municipal de Educação de Vitória, Brasil

No contexto da sociedade globalizada e tecnológica, novos desafios são colocados para a sociedade e, consequentemente, para a educação. Novos cenários, tempos e espaços diferenciados implicam na mudança do paradigma educacional. A globalização rompeu com uma ordem geopolítica e comercial baseada nos conceitos de Estado e Nação. A sociedade industrial aboliu as fronteiras territoriais, integrou os mercados e ampliou o potencial das comunicações e a velocidade no circuito das informações. Na sociedade atual as relações sociais não mais se prendem ao contexto local, mas ampliaram-se as possibilidades de conexões globais.

Na fase pré-moderna,

“... as principais agências socializadoras eram a família, as religiões, a escola (nos países centrais), a política, a cultura oral e, mais tardiamente, a comunicação, sobretudo impressa; esse papel é preenchido pelo mercado global, a tecnologia informática e a indústria cultural. A televisão é o veículo por excelência de uma cultura para as massas. Nessa situação são redimensionados, à própria revelia, os espaços urbanos, familiares, religiosos, educacionais e laborais. Daí resulta um padrão civilizatório mundializado marcado pela transição entre hegemonias e pelo violento embate entre padrões “arcaicos” e contemporâneos.” (Ribeiro, 2003).

A mobilidade e a rapidez nos deslocamentos, próprios dos grandes centros urbanos tornou-se uma espécie de regra que rege os comportamentos humanos. Não são apenas os homens que mudam de lugar, mas também os produtos, as mercadorias, as imagens, as idéias, as informações. De acordo com Santos (1994) tudo voa, daí a ideia de desterritorialização, que pode significar também, desculturização.

De acordo com Ortiz (2002, p. 273), a noção de territorialidade já não se encontra associada à materialidade do entorno físico. As técnicas (como o cinema, a TV, computador, satélites) aproximam as pessoas, podendo-se “falar da existência de relações sociais planetarizadas, isto é, de um mundo real e imaginário que se estende de forma diferenciada é claro, por todo o planeta”. As técnicas citadas acima contribuíram para aproximar o que se encontrava isolado ou fixado em uma determinada unidade social particular, como o país, a aldeia ou a cidade.

Com a mundialização da cultura, “a oposição ‘global’ – ‘nacional – ‘local’, torna-se problemática” para Ortiz, uma vez que a cultura, para existir, deve se tornar uma dimensão da vida cotidiana, devendo, portanto, se localizar. Entretanto, ao se “localizar”, ela “rearticula as relações de força dos lugares nos quais se enraíza”, e assim, “o que denominamos de ‘local’ já contém elementos do ‘nacional’ e do ‘global’” (p. 273-274).

Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653)

n.º 43/7 – 10 de septiembre de 2007

EDITA: Organización de Estados Iberoamericanos

para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI)

Helenice M. B. Bergmann

A base epistemológica da geografia esteve sempre apoiada no conceito de espaço como um substrato físico sobre o qual o homem desenvolve sua relação com os outros homens e o meio físico ou natural. Soja (1993, p. 101), afirma que o espaço em si pode ser primordialmente dado, mas a organização e o sentido do espaço são produtos da translação, da transformação e das experiências sociais.

Segundo o geógrafo Milton Santos (1994, p. 90), a palavra espaço abrange uma multiplicidade de sentidos e ao argumentar sobre a natureza do espaço como um objeto fabricado pelo homem, afirma que este é, atualmente, “um sistema de objetos cada vez mais artificiais, povoados por sistemas de ações igualmente imbuídos de artificialidade, e cada vez mais tendentes a fins estranhos, ao lugar e a seus habitantes”.

A história do meio geográfico pode ser dividido, de forma geral, em três etapas: o meio natural, o meio técnico e o meio técnico-científico-informacional. O meio natural pressupõe aquele que antecede às ações do homem sobre a natureza, sendo que alguns autores preferem chamar de meio pré-técnico, uma vez que a inexistência de artefatos ou de máquinas não significa que uma sociedade não disponha de técnicas. O meio técnico seria aquele “posterior a invenção e ao uso de máquinas, já que estas, unidas ao solo, dão uma nova dimensão à respectiva geografia”. O meio técnico-científico-informacional é aquele que se inicia após a segunda guerra mundial, intensificando-se a partir da década de 70 e distingue-se dos outros períodos, pela “profunda interação da ciência e da técnica”, (...) “sob a égide do mercado” (Santos, 2000, p. 234).

O que caracteriza esse período é o fato de que os objetos tendem a ser ao mesmo tempo “técnicos e informacionais, já que, graças a extrema intencionalidade de sua produção e de sua localização, eles já surgem como informação (op. cit., p. 238). A ciência, aliada à técnica, participa de novos processos vitais e da produção de novas espécies por meio da modificação de sementes (biotecnologia) e modificações genéticas (clonagem) e, juntamente com a informação (códigos genéticos, por exemplo), “estão na própria base da produção, da utilização e do funcionamento do espaço e tendem a constituir o seu substrato”.

Esse processo de informatização do território, graças a influência da cibernética, da biotecnologia, da eletrônica, da informática, enfim, dos processos de informação, é para Santos, a “cara da globalização”, uma vez que atende aos “interesses dos atores hegemônicos da economia, da cultura e da política e são incorporados plenamente às novas correntes mundiais”.

Atualmente, segundo Santos (op.cit, p. 244), “os territórios nacionais se transformam num espaço nacional da economia internacional”. Dessa forma a noção de territorialidade é questionada, sendo que alguns autores como Virilo, chegam ao ponto de falar em “supressão do espaço pelo tempo” ou ainda, Augé que fala da emergência do “não-lugar”, para designar aqueles lugares em que não estabelecemos relações de identidade (como aeroportos, shopping, auto-estradas e outros).

Soja, citando Haesbaert (1997, p. 40), define a territorialidade como “um fenômeno de comportamento associado a organização do espaço em esferas de influência ou em territórios nitidamente diferenciados, considerados distintos e exclusivos, ao menos parcialmente, por seus ocupantes ou por aqueles que o definem.”

Ortiz (1994), afirma que na sociedade global, ocorre um acentuado movimento de desterritorialização, pois as relações econômicas não possuem fronteiras, graças a constante modernização Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653)

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Ciberespaço e cibercultura: novos cenários para a sociedade, a escola e o ensino de geografia

dos meios de comunicação, e, conseqüentemente, a instância de mediação entre os indivíduos deixa de ser o cenário nacional, por excelência, passando a ser o mercado mundial, no qual, a cada segundo, "circulam-se mais informações do que durante mil anos da história anterior ao capitalismo moderno". Para Ortiz, o mercado passa a ganhar uma importância fundamental como cenário de relações sociais.

Outra característica do processo de desterritorialização, destacado por Ortiz, é a crise do Estado-nação, “quando a legitimidade das culturas nacionais é posta em causa – na Europa, com o advento da União Européia, nos Estados Unidos, pelo multiculturalismo e pela ‘invasão’ do mercado pelos produtos asiáticos” ou, nos países subdesenvolvidos pela impossibilidade de se constituir um “projeto nacional”, baseado em uma proposta de desenvolvimento endógena.

O conceito de "desterritorialização" ocorre quando não se tem mais um ponto de referência exato: as empresas, os trabalhadores, os produtos, passam a ser mundiais, estão em permanente mudança.. A desterritorialização seria, portanto, uma característica da sociedade global que se organiza neste final de século.

A sociedade industrial rompeu as fronteiras territoriais e integrou os mercados. Como uma das características da sociedade moderna pode-se citar o fato de as relações sociais não mais se prenderem ao contexto local. A contemporneidade desenvolve-se com base numa hegemonia sustentada pela homogeneização, instaurando um novo tipo de diversidade, privilegiando a individualização das relações sociais, a autonomia (homogeneizada) do indivíduo e a afirmação do específico.

De acordo com Virillo, afirma que,

“O espaço não está mais na geografia – está na eletrônica [...]. Está no tempo instantâneo dos postos de comando, nos quartéis-generais das multinacionais, nas torres de controle. A política está menos no espaço físico do que nos sistemas temporais administrados por várias tecnologias, das telecomunicações aos aviões [...] A geografia é substituída pela cronografia.”

Em sua definição de território, Raffestin, citado por Haesbaert, associa-o a malhas, redes e nós, afirmando que a produção territorial em ato é constituída de malhas, de nós e de redes que representam invariavelmente os instrumentos contra-aleatórios que todo grupo humano utiliza para constituir uma ‘reserva’ e, da mesma forma, se precaver contra as modificações do meio”.

O fenômeno de globalização veio reforçar ainda mais a noção de desterritorialização, uma vez que não se tem mais um ponto de referencia para a infinidade de produtos que são fabricados pelas empresas multinacionais, que dividem a produção por vários países. Dessa forma não sabemos onde começou e onde terminou a fabricação de um determinado produto. O mundo se desterritorializa como Nação e se re-territorializa na cotidianidade como consumo, tecnologia, “cultura mundial” de consumo e cultura de massa.

O mesmo acontece em relação ao trabalhador clássico que passa a atuar na modalidade do teletrabalho, transformando o espaço de sua casa em um espaço publico e vice-versa (Lévy, 1996, p. 24).

A mídia, e no centro dela a filosofia e a linguagem publicitária, se ocupa da educação das massas para o consumo e para a “cidadania mundializada” (Ribeiro, 2003). A publicidade tem um duplo objetivo: instrumental e espiritual. Torna-se necessária uma educação que “ajude” as massas a escolher produtos. Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653)

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Helenice M. B. Bergmann

Ao mesmo tempo, a complexidade da vida urbana transforma indivíduos em consumidores atomizados e necessitados de um vínculo, o qual é fornecido por agências do consumo que consagram valores e orientam a conduta.

No contexto das tecnologias da informação e comunicação encontramos os conceitos de ciberespaço, cibercultura e inteligência coletiva (Lévy, 1999, 2000, 2001)

O termo “cyberspace” foi cunhado pelo escritor de ficção científica Willian Gibson em seu romance Neuromancer, escrito em 1984. Para Lévy (1999), o ciberespaço “é um espaço não físico ou territorial, que se compõe de um conjunto de redes de computadores através das quais todas as informações (...) circulam”.

De acordo com Silva (2004) o ciberespaço é a “MATRIX”, uma região abstrata invisível que permite a circulação de informações na forma de imagens, sons, textos etc. Este espaço virtual está em vias de globalização planetária e já constitui um espaço social de trocas simbólicas entre pessoas dos mais diversos locais do planeta.

Segundo Lévy (2003),

“...o espaço cibernético é um terreno onde está funcionando a humanidade, hoje. É um novo espaço de interação humana que já tem uma importância enorme sobretudo no plano econômico e científico e, certamente, essa importância vai ampliar-se e vai estender-se a vários outros campos, como por exemplo na Pedagogia, Estética, Arte e Política. O espaço cibernético é a instauração de uma rede de todas as memórias informatizadas e de todos os computadores”.

Em relação ao surgimento de um novo espaço virtual – o ciberespaço - (Silva 2003), nos esclarece que as noções básicas de localização ficam confusas nesse ambiente, uma vez que ele é marcado por uma não-espacialidade, pois sua dimensão territorial está “vinculada à simbologia de globalidade dos usuários da rede”.

O ciberespaço agrega o espaço socialmente produzido, sendo este uma estrutura criada pela evolução dos recursos tecnológicos e pelas construções sociais resultantes das apropriações feitas pelos indivíduos.

O ciberespaço é visto como uma dimensão da sociedade em rede, onde os fluxos definem novas formas de relações sociais. A Internet é associada atualmente a rede telemática mundial, embora não esgote, nem represente todo o ciberespaço. As relações sociais no ciberespaço, apesar de virtuais, tendem a repercutir ou a se concretizar no mundo real. Marcam, portanto, um novo tipo de sociedade. O indivíduo rompe com alguns princípios tidos como regras sociais, alterando alguns valores e crenças, sem que isso seja uma determinação da sociabilidade existente no mundo.

Essa situação faz com que escolas, professores e alunos comecem a pensar em como tirar proveito dessa nova configuração socio-técnica. Assim, com olhar crítico e atencioso, o ciberespaço deve ser utilizado, por seu potencial virtualizante, no processo educacional.

O potencial do ciberespaço estaria, para Lemos (2003), em sua capacidade de instaurar uma comunicação ágil, livre e social que pode ajudar a criar uma “democratização dos meios de comunicação, assim como dos espaços tradicionais das cidades”. Neste sentido, os cidadãos poderiam colocar seus

Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653)

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Ciberespaço e cibercultura: novos cenários para a sociedade, a escola e o ensino de geografia

problemas de forma coletiva, incentivando o debate, a tomada de posição política, cultural e social. Isso não constituiria uma utopia, mas uma constatação do potencial do ciberespaço e uma forma de forçar os poderes públicos a instaurarem práticas neste novo espaço de fluxo, estimulando a participação e o debate de temas centrais e nevrálgicos de uma determinada comunidade.

O ciberespaço constitui, portanto, um espaço de práticas sociais cuja função não é a de inibir ou acabar com práticas antigas; a escola virtual, como forma de organização do ensino, substituindo a escola real, a comunidade virtual como substituta da comunidade real, e por fim a cidade virtual em substituição a cidade real. Não se trata-se de uma lógica excludente, conforme nos alerta Lemos (op. cit., 2003), mas em uma “dialógica da complementaridade. Esta estaria em franca oposição à lógica do aniquilamento ou da destruição pura e simples de instâncias canônicas.

A cibercultura, por sua vez, é definida como um conjunto de técnicas, práticas, atitudes, modos de pensamento e valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento da internet como um meio de comunicação, que surge com a interconexão mundial de computadores. Ela constitui, para Lévy (1999), o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade. Trata-se de um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização, acesso e transporte de informação e conhecimento.

O princípio da inteligência coletiva é para Lévy (1999, p.129) a finalidade última da cibercultura, constituindo mais um campo de problemas do que uma solução. Seria o modo de realização da humanidade, favorecido pela rede digital universal, sem que saibamos a priori que resultados podem resultar a partir da conexão das pessoas em rede, uma vez que as organizações colocam em sinergia seus recursos intelectuais.

Com o surgimento desse novo espaço virtual, novas formas de socialidade emergem nos ambientes virtuais, permitindo uma integração dinâmica de diferentes modalidades perceptivas. Varias formas de organização social se fazem presentes também nos espaços virtuais, formando Comunidades Virtuais de Aprendizagem (CVA), tribos virtuais (cyberpunks, ....), surgem novos personagens como os hackers, os crackers, novas praticas como as de pedofilia, de terrorismo, os “cibercrimes”, mas também constituem-se espaços para manifestações sociais – a “cibermilitancia” - de ordem ecológica e humanitária como as ONGs: Geenpeace, SOS Mata Atlântica, Women Rights, a Ação de Cidadania contra a Fome e a Miséria, dentre vários outros exemplos.

Nesse sentido, concordamos com Silva (2003), quanto ao fato da autora reportar-se ao ciberespaço como uma projeção do espaço geográfico. Como um espaço de fluxos, percebe-se também que ele sofre os mesmos processos de segregação social que os espaços “reais”, uma vez que os países do norte contam com maior infra-estrutura física de acesso a rede Internet que os países do sul. E que as pessoas que tem acesso as fontes de informação, principalmente via Internet (os internautas), acabam constituindo-se em uma casta privilegiada da população – os, infoincluídos enquanto a grande maioria que não dispõe de computadores e de acesso a rede constituem-se na parcela dos excluídos digitais, ou seja, os infoexcluídos.

Dessa forma, o que se observa é que as “grafias”, ou seja, as configurações do espaço real têm sua projeção no espaço virtual. Os meios de transporte e comunicação, por exemplo, projetam-se no ciberespaço por meio das ”infovias”, das “super-estradas” ou das “auto-pistas de informação”. Termos como Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653)

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Helenice M. B. Bergmann

“navegar” e “surfar” já se tornaram comuns no vocabulário não apenas de internautas. Da mesma forma, as cidades também passam a ter sua extensão nesse novo ambiente – constituindo as cidades eletrônicas ou cidades virtuais. O espaço virtual passa a ser uma extensão do espaço urbano, com seus bancos, comércio, livrarias, universidades, escolas, cinema, praças, museus, bibliotecas.

O ciberespaço e a cibercultura constituem parte integrante da sociedade contemporânea, cabendo às ciências sociais buscar a compreensão dessa nova forma de materialização do espaço capitalista. Marco Silva (2003), comenta sobre a necessidade dos professores perceberem as mudanças paradigmáticas ocasionadas pela informática: em relação à própria tecnologia – a tela do computador como um ambiente de “adentramento e manipulação, com janelas móveis e abertas a múltiplas conexões”, a utilização de uma nova forma de linguagem – hipertextual e icônica. E o computador conectado em rede, como um recurso comunitário, associativo, cooperativo.

Rosemere Rebolo Barbosa

terça-feira, 6 de julho de 2010

Para nosso conhecimento e aprendizado.

"Os sonhos são uma pintura muda, em que a imaginação a portas fechadas, e às escuras, retrata a vida e a alma de cada um, com as cores das suas ações, dos seus propósitos e dos seus desejos."



Padre Vieira, no Sermão de São Francisco Xavier Dormindo

Cabe um esclarecimento inicial ao leitor: eu procurei montar esta página com o pensamento original de Freud, apesar de estar consciente de que vários dos postulados originais da psicanálise foram revisados e modificados - vários deles considerados ultrapassados pelo próprio Freud em seus últimos anos. Também não abordarei aqui a doutrina freudiana em toda a sua extensão e implicações. Por isso, aconselho o leitor a procurar um psicanalista licenciado que possa orientá-lo corretamente nessa matéria.



A Psicanálise é ao mesmo tempo um modo particular de tratamento do desequilíbrio mental e uma teoria psicológica que se ocupa dos processos mentais inconscientes; uma teoria da estrutura e funcionamento da mente humana e um método de análise dos motivos do comportamento; uma doutrina filosófica e um método terapêutico de doenças de natureza psicológica supostamente sem motivação orgânica. Originou-se na prática clínica do médico e fisiologista Josef Breuer, devendo-se a Sigmund Freud (1856-1939) a valorização e aperfeiçoamento da técnica e os conceitos criados nos desdobramentos posteriores do método e da doutrina, o que ele fez valendo-se do pensamento de alguns filósofos e de sua própria experiência profissional.



A formulação da Psicanálise representou basicamente a consolidação em um corpo doutrinário de conhecimentos existentes, como a estrutura tripartite da mente, suas funções e correspondentes tipos de personalidade, a teoria do inconsciente, o método terapêutico da catarse, e toda a filosofia pessimista da natureza humana difundida na época. Além de alicerçar-se - como método terapêutico -, nas descobertas do médico austríaco Josef Breuer, como doutrina tem em seus fundamentos muito do pensamento filosófico de Platão e do filósofo alemão Arthur Schopenhauer. No entanto, ao serem esses conhecimentos incorporados na Psicanálise, foi aberto o caminho para um número grande de conceitos subordinados que eram novos, como os de atos sintomáticos, sublimação, perversão, tipos de personalidade, recalque, transferência, narcisismo, projeção, introjeção, etc. A psicanálise constituiu-se, por isso, em um modo novo de abordar as condições psíquicas correspondentes a estados de infelicidade e a comportamentos anti-sociais, e deu nascimento ao tratamento clínico psicológico e psiquiátrico moderno.



A extraordinária popularidade da psicanálise poderá, talvez, ser explicada, em parte, pela sua ousada concepção da motivação humana, ao colocar o sexo - objeto natural de interesse das pessoas e também sua principal fonte de felicidade -, como único e poderoso móvel do comportamento humano. O mundo civilizado, pouco antes chocado com a tese evolucionista de que o homem descendia dos chimpanzés, já não se surpreendia com a tese de que o sexo dominava o inconsciente e estava subjacente a todos os interesses humanos. A novidade foi recebida com divertido espanto e prazerosa excitação. Em que pese os detalhes picarescos de muitas narrativas clínicas, a abordagem do sexo sob um aspecto científico, em plena era vitoriana, representou uma sublimação (para usar um conceito da própria psicanálise) que permitiu que a sexualidade fosse, sem restrições morais, discutida em todos os ambientes, inclusive nos conventos. Essa permeabilidade subjetiva confundiu-se com profundidade científica, e a teoria foi levada a aplicação em todos os campos das relações sociais, nas artes, na educação, na religião, em análises biográficas, etc. Porém, a questão da motivação sexual foi causa de se afastarem do círculo de Freud aqueles que haviam inicialmente se entusiasmado pela psicanálise como método de análise do inconsciente, entre eles Carl Jung, Otto Rank, e Alfred Adler que decidiram por outras teses, e fundaram suas próprias correntes psicanalíticas. No seu todo, a psicanálise foi fortemente contestada por outras correntes, inclusive a da fenomenologia, a do existencialismo, e a da logoterapia de Viktor Frankl.



O pensamento de Freud está principalmente em três obras: "Interpretação dos Sonhos", a mais conhecida, que publicou, em 1900; "Psicopatologia da Vida Cotidiana", publicada em 1901 e na qual apresenta os primeiros postulados da teoria psicanalítica, e "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade", de 1905, que contem a exposição básica da sua teoria.



Em "Mal Estar na Civilização", publicado em 1930, Freud lança os conceitos de culturas neuróticas, mais os conceitos de projeção, sublimação, regressão e Transferência. Em "Totem e Tabu (1913/14) e "O Futuro de uma Ilusão"(1927) expõe sua posição sobre a religião. Os postulados da teoria são numerosos, e seu exame completo demandaria um espaço muito extenso, motivo porque somente os aspectos usualmente mais conhecidos da doutrina e do método serão examinados nesta página.



Importância do instinto sexual. Freud notou que na maioria dos pacientes que teve desde o início de sua prática clínica, os distúrbios e queixas de natureza hipocondríaca ou histérica estavam relacionados a sentimentos reprimidos com origem em experiências sexuais perturbadoras. Assim ele formulou a hipótese de que a ansiedade que se manifestava através dos sintomas (neurose) era conseqüência da energia (libido) ligada à sexualidade; a energia reprimida tinha expressão nos vários sintomas neuróticos que serviam como um mecanismo de defesa psicológica. Essa força, o instinto sexual, não se apresentava consciente devido à "repressão" tornada também inconsciente. A revelação da "repressão" inconsciente era obtida pelo método da livre associação (inspirado nos atos falhados ou sintomáticos, em substituição à hipnose) e pela interpretação dos sonhos (conteúdo manifesto e conteúdo latente). O processo sintomático e terapêutico compreendia: experiência emocional - recalque e esquecimento - neurose - análise pela livre associação - recordação - transferência - descarga emocional - cura.



Estrutura tripartite da mente. Freud buscou inspiração na cultura Grega, pois a doutrina platônica com certeza o impressionou em seu curso de Filosofia. As partes da alma de Platão correspondem ao Id, ao Superego e ao Ego da sua teoria que atribui funções físicas para as partes ou órgãos da mente (1923 - "O Ego e o Id").



O Id, regido pelo "princípio do prazer", tinha a função de descarregar as tensões biológicas. Corresponde à alma concupiscente, do esquema platônico: é a reserva inconsciente dos desejos e impulsos de origem genética e voltados para a preservação e propagação da vida..



O Superego, que é gradualmente formado no "Ego", e se comporta como um vigilante moral. Contem os valores morais e atua como juiz moral. É a parte irascível da alma, a que correspondem os "vigilantes", na teoria platônica.



Também inconsciente, o Superego faz a censura dos impulsos que a sociedade e a cultura proíbem ao Id, impedindo o indivíduo de satisfazer plenamente seus instintos e desejos. É o órgão da repressão, particularmente a repressão sexual. Manifesta-se á consciência indiretamente, sob a forma da moral, como um conjunto de interdições e de deveres, e por meio da educação, pela produção da imagem do "Eu ideal", isto é, da pessoa moral, boa e virtuosa. O Superego ou censura desenvolve-se em um período que Freud designa como período de latência, situado entre os 6 ou 7 anos e o inicio da puberdade ou adolescência. Nesse período, forma-se nossa personalidade moral e social (1923 "O Ego e o Id").



O Ego ou o Eu é a consciência, pequena parte da vida psíquica, subtraída aos desejos do Id e à repressão do Superego. Lida com a estimulação que vem tanto da própria mente como do mundo exterior. Racionaliza em favor do Id, mas é governado pelo "princípio de realidade" ou seja, a necessidade de encontrar objetos que possam satisfazer ao Id sem transgredir as exigências do Superego. É a alma racional, no esquema platônico. É a parte perceptiva e a inteligência que devem, no adulto normal, conduzir todo o comportamento e satisfazer simultaneamente as exigências do Id e do Superego através de compromissos entre essas duas partes, sem que a pessoa se volte excessivamente para os prazeres ou que, ao contrário, imponha limitações exageradas à sua espontaneidade e gozo da vida.



O Ego é pressionado pelos desejos insaciáveis do Id, a severidade repressiva do Superego e os perigos do mundo exterior. Se submete-se ao Id, torna-se imoral e destrutivo; se submete-se ao Superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; e se não se submeter á realidade do mundo, será destruído por ele. Por esse motivo, a forma fundamental da existência para o Ego é a angústia existencial. Estamos divididos entre o principio do prazer (que não conhece limites) e o principio de realidade (que nos impõe limites externos e internos). Tem a dupla função de, ao mesmo tempo, recalcar o Id, satisfazendo o Superego, e satisfazer o Id, limitando o poder do Superego. No indivíduo normal, essa dupla função é cumprida a contento. Nos neuróticos e psicóticos o Ego sucumbe, seja porque o Id ou o Superego são excessivamente fortes, seja porque o Ego é excessivamente fraco.



O inconsciente, diz Freud, não é o subconsciente. Este é aquele grau da consciência como consciência passiva e consciência vivida não-reflexiva, podendo tomar-se plenamente consciente. O inconsciente, ao contrário, jamais será consciente diretamente, podendo ser captado apenas indiretamente e por meio de técnicas especiais de interpretação desenvolvidas pela psicanálise.



Atos falhos ou sintomáticos. Os chamados Atos sintomáticos são para Freud evidência da força e individualismo do inconsciente: e sua manifestação é comum nas pessoas sadias. Mostram a luta do consciente com o subconsciente (conteúdo evocável) e o inconsciente (conteúdo não evocável). São os lapsus linguae, popularmente ditos "traição da memória", ou mesmo convicções enganosas e erros que podem ter conseqüências graves.



Motivação. Para explicar o comportamento Freud desenvolve a teoria da motivação sexual (sobrevivência da espécie) e do instinto de conservação (sobrevivência individual). Mas todas as suas colocações giram em torno do sexo. A força que orienta o comportamento estaria no inconsciente e seria o instinto sexual;



Fases do desenvolvimento sexual. Freud contribuiu com uma teoria das fases do desenvolvimento do indivíduo. Este passa por sucessivos tipos de caráter: oral, anal e genital. Pode sofrer regreção de um dos dois últimos a um ou outro dos dois anteriores, como pode sofrer fixação em qualquer das fases precoces. Essas fases se desenvolverão entre os primeiros meses de vida e os 5 ou 6 anos de idade, e estão ligadas ao desenvolvimento do Id:



(1) Na fase oral, ou fase da libido oral, ou hedonismo bucal, o desejo e o prazer localizam-se primordialmente na boca e na ingestão de alimentos e o seio materno, a mamadeira, a chupeta, os dedos são objetos do prazer;



(2) Na fase anal, ou fase da libido ou hedonismo anal, o desejo e o prazer localizam-se primordialmente nas excreções e fezes. Brincar com massas e com tintas, amassar barro ou argila, comer coisas cremosas, sujar-se são os objetos do prazer;



(3)Na fase genital ou fase fálica, ou fase da libido ou hedonismo genital, o desejo e o prazer localizam-se primordialmente nos órgãos genitais e nas partes do corpo que excitam tais órgãos. Nessa fase, para os meninos, a mae é o objeto do desejo e do prazer; para as meninas, o pai.



Tipos de personalidade. .



Aqueles que se detêm em seu desenvolvimento emocional, e por algum motivo se fixam em qualquer uma das fases transitórias (Freud. 1908), constituem tipos e subtipos de personalidade nomeados segundo a fase correspondente de fixação.



O tipo que se detém na fase oral é o Oral receptivo, pessoa dependente - espera que tudo lhe seja dado sem qualquer reciprocidade; ou o Oral sadístico, o que se decide a empregar a força e a astúcia para conseguir o que deseja. Explorador e agressivo, não espera que alguém lhe dê voluntariamente qualquer coisa.



O Anal sadístico é impulsivamente avaro, e sua segurança reside no isolamento. São pessoas ordenadas e metódicas, parcimoniosas e obstinadas.



O tipo genital é a pessoa plenamente desenvolvida e equilibrada



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Complexos de Édipo. Depois de ver nos seus clientes o funcionamento perfeito da estrutura tripartite da alma conforme a teoria de Platão, Freud volta à cultura grega em busca de mais elementos fundamentais para a construção de sua própria teoria.



No centro do "Id", determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas. Freud introduziu o conceito no seu Interpretação dos Sonos (1899). O termo deriva do herói grego Édipo que, sem saber, matou seu pai e se casou com sua mãe. Freud atribui o complexo de Édipo às crianças de idade entre 3 e 6 anos. Ele disse que o estágio geralmente terminava quando a criança se identificava com o parente do mesmo sexo e reprimia seus instintos sexuais. Se o relacionamento prévio com os pais fosse relativamente amável e não traumático, e se a atitude parental não fosse excessivamente proibitiva nem excessivamente estimulante, o estagio seria ultrapassado harmoniosamente. Em presença do trauma, no entanto, ocorre uma neurose infantil que é um importante precursor de reações similares na vida adulta. O Superego, o fator moral que domina a mente consciente do adulto, também tem sua parte no processo de gerar o complexo de Édipo. Freud considerou a reação contra o complexo de Édito a mais importante conquista social da mente humana. Psicanalistas posteriores consideram a descrição de Freud imprecisa, apesar de conter algumas verdades parciais.



Complexo de Eletra. O equivalente feminino do Complexo de Édipo é o Complexo de Eletra, cuja lenda fundamental é a de Electra e seu irmão Orestes, filhos de Agamemnon e Clytemnestra. Eletra ajudou o irmão a matar sua mãe e o amante dela, um tema da tragédia grega abordado, com pequenas variações, por Sófocles, Eurípedes e Esquilo.



Narcisismo. Conta o mito que o jovem Narciso, belíssimo, nunca tinha visto sua própria imagem. Um dia, passeando por um bosque, encontrou um lago. Aproximou-se e viu nas águas um jovem de extraordinária beleza e pelo qual apaixonou-se perdidamente. Desejava que o jovem saísse das águas e viesse ao seu encontro, mas como ele parecia recusar-se a sair do lago, Narciso mergulhou nas águas, foi ás profundezas á procura do outro que fugia, morrendo afogado. Narciso morrera de amor por si mesmo, ou melhor, de amor por sua própria imagem ou pela auto-imagem. O narcisismo é o encantamento e a paixão que sentimos por nossa própria imagem ou por nós mesmos, porque não conseguimos diferenciar um do outro. Como crítica à humanidade em geral - que se pode vislumbrar em Freud - narcisismo é a bela imagem que os homens possuem de si mesmos, como seres ilusoriamente racionais e com a qual estiveram encantados durante séculos.



Mecanismos de defesa são processos subconscientes que permitem à mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. A psicanálise supõe a existência de forças mentais que se opõem umas às outras e que batalham entre si. Freud utilizou a expressão pela primeira vez no seu "As neuroses e psicoses de defesa", de 1894. Os mecanismos de defesa mais importante são:



Repressão, que é afastar ou recalcar da consciência um afeto, uma idéia ou apelo do instinto. Um acontecimento que por algum motivo envergonha uma pessoa pode ser completamente esquecido e se tornar não evocável.



Defesa de reação, que consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos ambos opostos aos impulsos verdadeiros, quando estes são inconfessáveis. Um pai que é pouco amado, recebe do filho uma atenção por vezes exagerada para que este convença a si mesmo de que é um bom filho.



Projeção. Consiste em atribuir ao outro um desejo próprio, ou atribuir a alguém, algo que justifique a própria ação. O estudante cria o hábito de colar nas provas dizendo, para se justificar, que os outros colam ainda mais que ele.



Regressão é o retorno a atitudes passadas que provaram ser seguras e gratificantes, e às quais a pessoa busca voltar para fugir de um presente angustiante. Devaneios e memórias que se tornam recorrentes, repetitivas. Aplica-se também ao regresso a fases anteriores da sexualidade, como acima..



Substituição. O inconsciente, em suas duas formas, está impedido de manifestar-se diretamente à consciência, mas consegue fazê-lo indiretamente. A maneira mais eficaz para essa manifestação é a substituição, isto é, o inconsciente oferece à consciência um substituto aceitável por ela e por meio do qual ela pode satisfazer o Id ou o Superego. Os substitutos são imagens (representações analógicas dos objetos do desejo) e formam o imaginário psíquico que, ao ocultar e dissimular o verdadeiro desejo, o satisfaz indiretamente por meio de objetos substitutos (a chupeta e o dedo, para o seio materno; tintas e pintura ou argila e escultura para as fezes, uma pessoa amada no lugar do pai ou da mãe, de acordo com as fases da sexualidade, como acima).



Além dos substitutos reais, o imaginário inconsciente também oferece outros substitutos, os mais freqüentes sendo os sonhos, os lapsos e os atos falhos. Neles, realizamos desejos inconscientes, de natureza sexual. São a satisfação imaginária do desejo. Alguém sonha, por exemplo, que sobe uma escada, está num naufrágio ou num incêndio. Na realidade, sonhou com uma relação sexual proibida. Alguém quer dizer uma palavra, esquece-a ou se engana, comete um lapso e diz uma outra que o surpreende, pois nada terá a ver com aquela que queria dizer: realizou um desejo proibido. Alguém vai andando por uma rua e, sem querer, torce o pé e quebra o objeto que estava carregando: realizou um desejo proibido.



Sublimação. A Ética pede a renúncia às gratificações puramente instintuais por outras em conformidade com valores racionais transcendentes. A sublimnação consistitui a adoção de um comportamento ou de um interesse que possa enobrecer comportamentos que são instintivos de raiz Um homem pode encontrar uma válvula para seus impulsos agressivos tornando-se um lutador campeão, um jogador de football ou até mesmo um cirurgião. Para Freud as obras de arte, as ciências, a religião, a Filosofia, as técnicas e as invenções, as instituições sociais e as ações políticas, a literatura e as obras teatrais são sublimações, ou modos de substituição do desejo sexual de seus autores e esta é a razão de existirem os artistas, os místicos, os pensadores, os escritores, cientistas, os líderes políticos, etc.



Transferência. Freud afirmou que a ligação emocional que o paciente desenvolvia em relação ao analista representava a transferência do relacionamento que aquele havia tido com seus pais e que inconscientemente projetava no terapeuta. O impasse que existiu nessa relação infantil criava impasses na terapia, de modo que a solução da transferência era o ponto chave para o sucesso do método terapêutico. Embora Freud demorasse a considerar a questão inversa, a da atratividade do paciente sobre o terapeuta, esse problema se manifestou tão cedo quanto ainda ao tempo das experiência de Breuer, que teria se deixado afetar sentimentalmente por sua principal paciente, Bertha Pappenheim.



Os mecanismos de defesa são aprendidos na família ou no meio social externo a que a criança e o adolescente estão expostos. Quando esses mecanismos conseguem controlar as tensões, nenhum sintoma se desenvolve, apesar de que o efeito possa ser limitador das potencialidades do Ego, e empobrecedor da vida instintual. Mas se falham em eliminar as tensões e se o material reprimido retorna à consciência, o Ego é forçado a multiplicar e intensificar seu esforço defensivo e exagerar o seu uso. É nestes casos que a loucura, os sintomas neuróticos, são formados. Para a psicanálise, as psicoses significam um severa falência do sistema defensivo, caracterizada também por uma preponderância de mecanismos primitivos. A diferença entre o estado neurótico e o psicótico seria, portanto, quantitativa, e não qualitativa.



Perversão. Porém, assim como a loucura é a impossibilidade do Ego para realizar sua dupla função (conciliação entre Id e Superego, e entre estes e a realidade), também a sublimação pode não ser alcançada e, em seu lugar, surgir uma perversão ou loucura social ou coletiva. O nazismo é um exemplo de perversão, em vez de sublimação. A propaganda, que induz no leitor ou espectador desejos sexuais pela multiplicação das imagens de prazer, é outro exemplo de perversão ou de incapacidade para a sublimação.



Os sonhos: conteúdo manifesto e conteúdo latente. (Significados conscientes e subconscientes). A vida psíquica dá sentido e coloração afetivo-sexual a todos os objetos e a todas as pessoas que nos rodeiam e entre os quais vivemos. As coisas e os outros são investidos por nosso inconsciente com cargas afetivas de libido. Assim, sem que saibamos por que, desejamos e amamos certas coisas e pessoas e odiamos e tememos outras.



É por esse motivo que certas coisas, certos sons, certas cores, certos animais, certas situações nos enchem de pavor, enquanto outras nos trazem bem-estar, sem que saibamos o motivo. A origem das simpatias e antipatias, amores e ódios, medos e prazeres desde a nossa mais tenra infância, em geral nos primeiros meses e anos de nossa vida, quando se formaram as relações afetivas fundamentais e o complexo de Édipo.



A dimensão imaginária de nossa vida psíquica - substituições, sonhos, lapsos, atos falhos, prazer e desprazer, medo ou bem-estar com objetos e pessoas - indica que os recursos inconscientes surgem na consciência em dois níveis: o nível do conteúdo manifesto (escada, mar e incêndio, no sonho; a palavra esquecida e a pronunciada, no lapso; o pé torcido ou objeto partido, no ato falho) e o nível do conteúdo latente, que é o conteúdo inconsciente verdadeiro e oculto (os desejos sexuais). Nossa vida normal se passa no plano de conteúdos manifestos e, portanto, no imaginário. Somente uma análise psíquica e psicológica desses conteúdos, por meio de técnicas especiais (trazidas pela psicanálise), nos permite decifrar o conteúdo latente que se dissimula sob o conteúdo manifesto.




A psicanálise e a psicologia de Schopenhauer, Brentano e Hartmann



Os críticos consideram impressionante o quanto possivelmente Brentano influenciou a Freud. Este assistiu suas aulas por pelo menos dois anos, e exatamente na época que Brentano publicou seu famoso livro de 1874, Psychologie vom empirischen Standpunkte (Psychology from an Empirical Standpoint. Trad. de A. C. Rancurello, D. B. Terrell, and L. L. McAlister. Ed. Routledge & Kern Paul, Londres, 1973; 448 p. - "A Psicologia de um ponto de vista empírico") em que seu equacionamento entre o físico e o psíquico, o psicossomático, é mais salientado. Arthur Schopenhauer é citado inúmeras vezes no referido livro, onde Brentano também discute amplamente Karl von Hartman, filósofo alemão chamado "o filósofo do inconsciente", autor de "A filosofia do inconsciente", de 1983, e o faz precisamente na questão dos estados mentais inconscientes. Brentano gozava de grande popularidade em meio aos estudantes, entre os quais estavam, além de Sigmund Freud, o psicólogo Carl Stumpf, e o filósofo Edmund Husserl.



O quanto Freud retirou de Schopenhauer foi provavelmente através de Brentano. Alguns críticos de Freud dizem que ele não fez muito mais que desenvolver na Psicanálise as idéias que o filósofo apresentou em seu livro "O mundo como vontade e representação". E o mais importante, Schopenhauer articula a maior parte da teoria freudiana da sexualidade. A começar pela sua teoria dos instintos, o poder dos complexos com origem na inibição sexual, incesto, fixação materna e complexo de Édipo, correspondem perfeitamente à Vontade opressora que, na psicologia de Schopenhauer, dirige as ações do homem, e o faz de modo total, não apenas no instinto sexual (Eros) como também no instinto de morte (Tanatus) uma manifestação da mesma Vontade condutora da natureza.



O conceito de "Vontade" de Schopenhauer contem também os fundamentos do que viriam a ser os conceitos de "inconsciente" e "Id" da doutrina freudiana. A Vontade como coisa absoluta e auto-suficiente, tem ela própria "desejos". Quando se manifesta na forma de uma criatura ela busca se perpetuar por via dos meios de reprodução dessa criatura. Por isso o sexo é básico para a Vontade perpetuar a si própria. Resulta que o impulso sexual é o mais veemente de todos os apetites, o desejo dos desejos, a concentração de toda nossa vontade.



O que Schopenhauer escreveu sobre a loucura antecipou a teoria da repressão e a concepção da etiologia das neuroses na teoria da Psicanálise e inclusive o que veio a ser a teoria fundamental do método da livre associação de idéias utilizado por Freud. .



Rubem Queiroz Cobra
Doutor em Geologia e bacharel em Filosofia
Lançada em 21/04/2003


Direitos reservados. Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. - A Psicanálise. COBRA PAGES: www.cobra.pages. nom.br, Internet, Brasília, 2003.
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