CURSO PSICANÁLISE E FILOSOFIA
UAB-ITAPEMIRIM- NEAAD
ALUNA: ROSEMERE REBOLO BARBOSA
Lacan inventou três denominações ou dimensões para designar o que é ser pai. Primeiramente o simbólico, em segundo lugar o imaginário e, em terceiro, o real. O pai, no plano simbólico, se refere à paternidade como uma terceira posição entre a mãe e o filho. É uma posição instituída pela mãe enquanto mulher, cujo objeto de desejo é o pai. Então, esse é o pai no sentido simbólico, instituído pela mãe que deseja um homem. Este, por sua vez, existe graças à palavra da mãe. Ela transmite ao filho que é a mulher daquele homem, que ela chama de pai, na linguagem. A segunda dimensão da paternidade é o pai no plano imaginário. Ele vem do filho ou da filha, da criança. Refere-se ao pai como imagem, imagem forte, grandiosa, majestosa, que tem uma força de sedução e de atração. Este é o pai como imagem, imagem de homem. Ele existe no imaginário graças a esta atração da criança pelo seu pai. Não estamos falando do pai biológico, mas da imagem que o pai mostra em sua vida, privada e social. Lacan, então, inventou o pai no plano real. Este vem de um homem que, em geral, é o pai das crianças na família. O pai, no sentido real, é um homem na condição de desejante, desejando uma mulher, em geral a mãe. Então, temos três dimensões: na dimensão do simbólico, o pai vem da mãe; na dimensão do imaginário, o pai vem da criança; e, na dimensão do real, o pai vem de um homem, que tem por objeto de desejo uma mulher.
O Nome-do-Pai, cuja função é de pai simbólico, tem como precursor o pai morto do mito freudiano”. O objetivo de Lacan é articular a função do pai, de forma linguística, com a palavra da mãe, aquela que é responsável pela procriação, dando um nome qualquer ao significante fálico.
Lacan vale-se do conhecimento da lógica, da linguagem e da linguística para, mais uma vez, como Freud, situar a psicanálise no campo da cultura, da ciência de seu tempo, isto é, das ciências humanas.
Tanto no misticismo judeu, quanto no amor cristão ou na sua função simbólica, o Pai absoluto é Deus, pivô do desejo. Esse Deus, na tradição judaico-cristã, é o deus de Moisés – a chama ardente que fala a Moisés e diz “Eu sou o que sou”. Para Lacan, essa voz não é um sujeito que fala no lugar do Outro, mas onde é “isso”, um Nome, do Pai – simbólico.
Lacan introduz a idéia de que o pai é uma metáfora. Como toda e qualquer metáfora, esta também se caracteriza pela substituição de um significante por outro, que surge a partir de uma significação desconhecida, uma significação inédita.
Com a ajuda da topologia, Lacan constrói os nós, conjuntos estruturais de apresentação do aparelho psíquico.
Nó Borromeano é uma trilogia de nós que tem essa denominação extraída do brasão da família dos Borromeos do séc XV. Cada nó corresponde a uma dimensão: o simbólico, o imaginário e o real.
Lacan introduz o termo sinthoma, que é uma antiga grafia da palavra sintoma, dando a ele uma significação topológica nesse conjunto. O sinthoma revela a persistência de restos sintomáticos oriundos do real “que não cessa de se escrever” e se repete.
O nó borromeano que enlaça Real, Simbólico e Imaginário é um “topos” constituído de 3 elementos que, sendo um deles cortado, tem como particularidade o desfazer-se do nó. Desses 3 elementos, é o real que determina como cada um goza de seu inconsciente e o real para Lacan não tem sentido. Se o inconsciente apresenta algum sentido, seu vetor é uma resposta sintomática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário