segunda-feira, 30 de agosto de 2010
PARA REFLEXÃO2
Resposta de uma professora à revista VEJA
Reproduzo a seguir cópia de carta escrita por uma professora do Paraná, que trabalha no Colégio Estadual Julio Mesquita, a reportagem da revista Veja sobre a educação no Brasil.
Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”.
É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador.
Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticas as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que:* “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital”* *entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.* Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras. *Está a hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas.* Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. *Estímulos de quê?* De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite??? (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. *Estímulos de quê?* De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite??? (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e ...disciplina.
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? *Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens?* Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, *tínhamos aulas“chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. *Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série.
Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.
*Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até à passeios interessantes, planejados, minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.** E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom.* Além disso, esses mesmos professores “incapazes” elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. *Professores têm 10 minutos de intervalo, onde tem que se escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho.* ( Professor de Educação infantil, não tem intervalo).
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. *Professores têm 10 minutos de intervalo, onde tem que se escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho.* ( Professor de Educação infantil, não tem intervalo).
Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 horas semanais.
E a saúde?
E a saúde?
*É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico, tem que repor horas aulas.* Plano de saúde? Muito precário. Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! *Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar*, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.*Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá*, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. *Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar.* Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que* um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.* E acho que esse grau já ultrapassou. *Chega de passar alunos que não merecem*.
Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! *Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples.* Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? *Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina.* E é isso que precisamos e não de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.
* Em vez de cronômetros precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade.* Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. *E é essa a nossa realidade!* E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo
* Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim ouve-e falar em cronômetros.
Francamente!!!*
Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO. Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas. (recebi por e-mail)
A postura do mestre como Sócrates e a metodologia em E.A.D.
RESUMO: A postura do mestre como Sócrates leva-nos a pensar o que se pode ensinar e o que se pode aprender. Aprendemos que o professor e tutores em EAD deve ser um mediador do saber. Ele se coloca no mesmo patamar que os seus alunos. Na verdade todos são cooperadores da criação do conhecimento e do saber... “apreender a aprender”.
Se compararmos a postura de Sócrates ao processo de aprendizagem na Educação Aberta e a Distância, pode-se deduzir que o trabalho do professor seja apenas fazer com que o aprendiz retome a verdade da qual se afastou por esquecimento, através do método chamado maiêutica. A metodologia EAD apresenta uma proposta educativa em que o professor assume uma postura na relação com o aluno. Pois ele deve ser apresentar como aquele que não possui o saber.
A contribuição de Sócrates (470-399 a .C.) para a filosofia, ao dedicar-se às questões humanas como a vida, a moral e o bem e o mal é tão evidente, que os filósofos são conhecidos como pré ou pós-socráticos. Na ética, conceituada como parte da filosofia que busca refletir sobre o comportamento humano sob o ponto de vista das noções de bem e de mal, de justo e de injusto esta contribuição não é menos relevante do que nas demais áreas dessa importante ciência que enfatiza o pensar crítico e racional. Ensinar que a ética não envolve somente costumes e leis exteriores, mas principalmente a convicção pessoal adquirida através da reflexão para compreender o que é justo, fornece elementos para uma ação eticamente correta diante das preocupações que o homem apresenta para consigo e com o seu agir.
Um dos questionamentos propostos no início deste estudo é se na educação atual e, em especial na Educação Aberta e a Distância, há espaço para se falar em uma educação emancipadora, e num método ensino aprendizagem que formem alunos críticos, criadores de conhecimentos e saberes, em parceria com os professores da disciplina ora estudada e com os tutores.
A educação, através dos processos de aprendizagem e de ensino, envolve a construção constante de informações e conhecimentos. Em uma sala de aula convencional, imagens e sons fazem parte desta troca: os estudantes vêem e ouvem o professor, o professor vê e ouve os seus alunos e os estudantes vêem e ouvem uns aos outros. A comunicação ocorre verbalmente entre professor e estudantes ou combinada com várias mídias, tais como um projetor de transparências, áudio e vídeo, projetor ligado ao monitor do computador e assim por diante.
Moran define a educação online como “o conjunto de ações de ensino aprendizagem desenvolvidas por meio de meios telemáticos, como a Internet, a videoconferência e a teleconferência”, destacando que a Educação a Distância é um conceito mais amplo. Por exemplo, um curso utilizando o correio tradicional para a troca de materiais entre professor e seus alunos é um curso a distância, mas não poderia ser caracterizado como um curso online.
A participação do aluno deve ser estimulada, da mesma forma que na versão presencial. A “postura crítica” na EAD pode tornar-se mais embasada na teoria, mas isto tem que ser construído. As dinâmicas de participação, no entanto, são distintas, como os próprios alunos identificaram em sua participação, nessa condição do curso a distância. O aluno passa a ter maior responsabilidade sobre seus estudos, pois o processo de aprendizagem é redefinido e apóia-se em uma maior autonomia do aluno.
Torna-se necessário ao aluno reservar um período do dia para realizar as suas atividades de estudo. Deve estar “ligado” nas atividades propostas pelo professor e nos comentários e informações “trocadas” nesta "nova sala de aula". A utilização de um ambiente virtual de aprendizagem para a realização de um curso a distância requer que os alunos participantes tenham principalmente, o habito a realizar atividades de estudo, ensino e pesquisa, isto é, sejam mais "AUTODIDATAS".
Alguns participantes do curso manifestaram que as diferenças substanciais entre alunos de cursos EAD e alunos de cursos presenciais não são muito evidentes ou que até que estas diferenças não são substanciais. Nesses cursos, o aluno não precisa prestar atenção quando não quer, porém precisa ter e se prestar a lidar com um computador, e a ler o material fornecido pelo professora e ir além... pesquisar outros materiais que sejam pertinentes a disciplina ora aplicada.
O perfil do estudante capacitado a ter sucesso na EAD como se conclui é o do sujeito em condições de ser o gestor de seu processo de aprendizagem.
Esta autonomia necessária ao estudante a distância envolve um processo de reflexão, quando o ser humano exercita sua liberdade em optar conscientemente por uma das possibilidades que se apresentam para sua escolha, pois o processo ensino aprendizagem dependerá muito mais do aluno e do seu desejo de aprender, ou desabrochar o conhecimento adormecido em seu interior.
sábado, 28 de agosto de 2010
Educação emancipadora e o ensino em EAD.
A educação emancipadora leva o aluno a criação do próprio conhecimento, induzindo-o a reflexão e ao raciocínio, criando nele o senso critico e o conhecimento
Na história do pensamento educacional contemporâneo, Theodor Adorno é um nome de destaque. Nosso objetivo no presente texto é expor a concepção de educação de Adorno de forma crítica, visando resgatar, simultaneamente, suas contribuições e seus limites.
“A seguir, e assumindo o risco, gostaria de apresentar minha concepção inicial de educação. Evidentemente não a assim chamada modelagem de pessoas, porque não temos o direito de modelar as pessoas a partir do seu exterior; mas também não a mera transmissão de conhecimentos, cuja característica de coisa morta já foi mais do que destacada, mas a produção de uma consciência verdadeira. Isto seria inclusive da maior importância política; sua idéia [de H. Becker – NV], se é permitido dizer assim, é uma exigência política. Isto é: uma democracia com o dever de não apenas funcionar; mas operar conforme seu conceito, demanda pessoas emancipadas. Uma democracia efetiva só pode ser imaginada enquanto uma sociedade de quem é emancipado” (Adorno, 1995, p. 141-142)
A emancipação é a formação para a autonomia, mas ela só pode ser bem sucedida se for um processo coletivo, já que na nossa sociedade a mudança individual não provoca necessariamente a mudança social mas esta é precondição daquela. A educação deve contribuir, portanto, para o processo de formação e emancipação, contribuindo para criar condições em que os indivíduos, socialmente, conquistem a autonomia.
Para Paulo Freire, uma educação emancipadora pressupõe refletir sobre a própria prática. Para isso, recorre ao método autobiográfico, afirmando que a educação precisa centrar-se na vida e que introduzir histórias de vida na escola é introduzir vida na educação.
Por fim, o que a educação em EAD apresenta é a educação emancipadora trabalhada e pesquisada por vários pensadores, que é nada mais nada menos que o criar conhecimento através de pesquisas, pensamentos, debates e reflexões.
OS CARTÉIS E A METODOLOGIA EAD


O cartel inventado por Lacan é formado por pequenos grupos de três a cinco pessoas mais um. Lacan cria os cartés com objetivo de um trabalho permanente de investigação com relação a psicanálise.
O que une os integrantes do cartel,também chamados cartelizantes, é o interesse pela pesquisa e investigação de um tema em comum, visando um produto final.
O produto final é individual, não é um produto coletivo, onde é transmitido e constatado o saber investigado no cartel. Os cartéis são momentos privilegiados de se colocar em aberto as elaborações realizadas por cada um, bem como discuti-las e ampliar o saber direcionado ao tema do cartel.
Além dos quatro integrantes do cartel a presença de mais um no grupo funciona como o tutor que também é mais um participante no cartel. A função do mais um é auxiliar nos trabalhos, incentivar,zelando pelo grupo e favorecendo a exposição dos produtos. O mais um é também um elo entre o cartel e a Escola Lacaniana.
Dentro da EAD, o trabalho é muito parecido com os cartéis. Os grupos são formados de no máximo cinco pessoas e a presença do tutor que é mais um no grupo. O tutor da EAD é mais um participante que participa de todo o processo, ao mesmo tempo que zela, incentiva, orienta e intiga os trabalhos no grupo e faz o elo de ligação entre o grupo e os professores da disciplina estudadas no momento.
O produto final dentro da EAD pertence a todos, ao conjunto, onde o material didático produzido é publicado e para publicação de todos dentro dos blogger criados pelos grupos.
Os cartéis em conjunto com EAD vem demistificar a postura tradicionalista de alguns professores contemporâneos,que são transmissores e detentores do saber e dos alunos que são receptores passivos no processo ensino aprendizagem.
Na EAD não exise aquele que sabe e sim temos um grupo formado onde a figura da tutora presencial junto com os alunos descobrem e constroem o saber e o conhecimento. Todos são cooperadores do processo ensino aprendizagem.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
A POSTURA DOS SOFISTAS E A RELAÇÃO COM A EAD
A POSTURA DOS SOFISTAS E A RELAÇÃO COM A EAD
RESUMO: A EAD é uma nova modalidade de Educação que vem propor novas reflexões a cerca do ensino e da aprendizagem, do novo modo de pensar a Educação, numa visão ousada e revolucionária. Ela se contrapõe com o método sofista que pensa a Educação como opressão e não como libertação.
O método sofista prega a transmissão do conhecimento, a oratória, a persuasão, a sedução e a indução da aprendizagem, havendo sempre alguém que ensina e sempre alguém que aprende. Existe um “mestre”, um “cabeça”, alguém que diz o que é certo e o que é errado, indicando os rumos.
O professor ocupa um lugar privilegiado e o aluno é um mero receptor. Sempre terá algo a explicar e sempre terá algo a aprender. O conhecimento é esgotável em si mesmo, fechado, acabado e conclusivo.
O aluno não tem possibilidades de refletir, criar e lapidar seus conhecimentos, pois estes não são compartilhados, socializados, as tomadas de decisões são autocráticas e os saberes prontos e concluídos.
A proposta da EAD vem romper com estes paradigmas, na medida em que propõe uma nova forma de ensinar e aprender.
O aluno da EAD cria , reflete, se liberta, desabrocha, se percebe no mundo, pois nesta modalidade não existe quem ensina e quem aprende, ambos interagem e são protagonistas do teatro, num cenário de participação e ajuda mútua.
O professor ou tutor é apenas mais um neste contexto que, orienta, estimula, media, incentiva, agregando conhecimentos e articulando-os junto aos alunos. Ninguém sabe mais do que o outro, ambos são mestres e discípulos neste processo.
Na EAD o aluno aprende sozinho, utilizando sua própria inteligência aliado a vontade de aprender, ao desejo e a busca, sem ter alguém que lhe diga o que está certo e o que está errado. Ele constrói seu conhecimento a partir de outras verdades, mas tem a liberdade de desorganizar e desconstruir o que formulou, pois parte do princípio que nada é absoluto, acabado , estático. O aluno tem a possibilidade de enxergar outros universos enfrentando suas próprias contradições.
O aluno da EAD é um ser pensante, que elabora suas questões, que se permite adentrar no pensamento do outro para confrontar suas próprias idéias, pois ele é um pesquisador ativo, que busca a partir das suas necessidades e desejos, em busca da sua plenitude.
É preciso que nós, educadores, nos permitamos a ter um novo olhar para a Educação, que o novo e todas as transformações traga para nós uma re-significação da nossa prática e um repensar das nossas ações.
domingo, 15 de agosto de 2010
PARA REFLETIR
:: Conceição Trucom ::
Existem centenas de compromissos que você firmou consigo mesmo, com as outras pessoas, com seu sonho de vida, com Deus, com a sociedade, com seus pais, cônjuge e filhos. Contudo, os mais importantes são os que você fez consigo mesmo, dizendo quem você é, como se sente, no que acredita e como deve se comportar. O resultado é o que você chama de personalidade. Nesses compromissos você diz: "Isso é o que sou. Isso é aquilo em que acredito. Posso fazer certas coisas e outras, não. Essa é a realidade, aquela é a fantasia. Isso é possível, aquilo é impossível".
Um único compromisso não representa tanto problema, mas muitos deles nos fazem sofrer e fracassar. Se você quer viver uma vida de alegria e realização, precisa encontrar coragem para romper esses compromissos baseados no medo e reclamar seu poder pessoal. Os compromissos que vêm do medo exigem um bocado de energia, mas aqueles que derivam do amor nos ajudam a conservar nossa energia e, ainda, receber uma carga energética extra.
Cada um de nós nasce com uma determinada quantidade de poder pessoal, que pode ser reconstruída a cada dia após um descanso. Infelizmente desperdiçamos tudo - primeiro para criar esses compromissos, depois, para mantê-los. Nosso poder pessoal é dissipado por todas as obrigações criadas e o resultado disso é que nos sentimos vazios e frágeis. Temos poder suficiente para sobreviver a cada dia, porque a maior parte dele é usada para manter os compromissos que nos atrelam ao sonho do planeta. Como podemos transformar o sonho de nossa vida quando não temos força sequer para mudar o menor compromisso?
Se não gostamos do sonho de nossa vida, precisamos alterar os compromissos que nos regulam. Quando, finalmente, estivermos prontos para mudá-los, quatro compromissos poderosos nos ajudarão a quebrar aqueles que vêm do medo e drenam nossa energia.
A cada vez que se rompe um acordo, o poder usado para criá-lo retorna ao seu dono. Se você adotar esses quatro novos compromissos, eles criarão poder pessoal suficiente para alterar todo o seu antigo sistema de obrigações.
Você precisa de muita força de vontade para adotar os Quatro Compromissos - mas se você conseguir começar a viver sua vida de acordo com eles, a transformação será impressionante. Você verá o inferno desaparecer diante dos seus olhos. Em vez de viver um sonho infernal, estará criando um novo sonho — seu sonho pessoal do céu.
Don Miguel Ruiz no livro Os quatro Compromissos – Filosofia Tolteca
Neste momento, considero importante recomendar a leitura na íntegra do livro em referência, para compreensão profunda da significância destes quatro compromissos. Eles estão listados abaixo de forma sucinta, mas jamais se sinta satisfeito com esta mera degustação, vá fundo neste compromisso com o resgate dos seus sonhos, com o resgate de você.
Os quatro compromissos para a libertação do mundo da ilusão e conquista do mundo da realidade, da verdade, da meditação, da iluminação, da paz:
1- PRIMEIRO COMPROMISSO: seja impecável com sua palavra. Através da palavra torna-se possível a expressão do poder criativo. A palavra é um instrumento de magia: branca ou negra. Uma faca de dois gumes: pode materializar o mais exuberante dos sonhos ou destruir uma nação. Dependendo de como é usada, ela pode gerar liberdade ou escravidão. Ser impecável é não contrariar sua natureza, é assumir a responsabilidade por seus atos, pensamentos e sentimentos, sem julgamentos ou culpas. Sem peccatu. Ser impecável com a própria palavra é empregar corretamente a sua energia, ou seja, não desperdiçar ou perder energia e poder pessoal. É usar a palavra na direção da verdade e do amor por você. Se você se comprometer a ser impecável com sua palavra, basta essa intenção para que a verdade se manifeste por seu intermédio e limpe todo o veneno emocional que existe em seu interior.
2- SEGUNDO COMPROMISSO: não leve nada para o lado pessoal. Se você leva tudo para o pessoal é porque concorda com o que está sendo dito. Ao concordar todo o veneno passa a fazer parte de você. O que causa seu próprio envenenamento é o que os toltecas chamam de importância pessoal, expressão máxima do egocentrismo. Nada do que os outros fazem é motivado por você, é por causa deles mesmos. Todas as pessoas vivem em seu próprio sonho, nevoeiro ou mente, inclusive você. Se você aceita o lixo emocional do outro, ele passa a ser seu também. Se você se ofender sua reação será defender suas crenças e criar mais conflitos. Então, se você fica brava comigo, sei que está lidando consigo mesma. Sou apenas uma desculpa para você se irritar e fingir que não tem medo. Mas na verdade, sua braveza é uma expressão do seu medo. Sem medo não existe motivo para se irritar, brigar ou me odiar. Sem medo, não há motivo para sentir ansiedade, ciúme inveja.
3- TERCEIRO COMPROMISSO: não tire conclusões. Temos a tendência a tirar conclusões sobre tudo. Interpretar tudo segundo nossa ótica, nossa mente, nossas crenças. É que acreditamos que elas são verdadeiras. Poderíamos jurar que são reais. Tiramos conclusões sobre o que os outros estão fazendo e pensando - levamos para o lado pessoal -, então os culpamos e reagimos enviando veneno emocional com nossa palavra. Por isso, fazemos presunções, estamos pedindo problemas. Tiramos uma conclusão, entendemos de modo errado, levamos para o pessoal e acabamos criando um grande conflito interno, familiar, profissional, mundial, do nada. Como ficamos com medo de pedir esclarecimentos, tiramos conclusões e acreditamos estar certos sobre elas; depois as defendemos e tentamos tornar a outra pessoa errada. Sempre é melhor fazer perguntas do que tirar conclusões, porque as conclusões nos predispõem ao sofrimento. O grande mitote na mente humana cria um bocado de caos, que faz com que interpretemos mal e tudo errado. Apenas enxergamos o que queremos enxergar e escutamos o que queremos escutar. Temos o hábito de sonhar sem base na realidade. Literalmente, enxergamos e escutamos coisas com nossa embaçada imaginação.
4- QUARTO COMPROMISSO: dê sempre o melhor de si. Na verdade, esse é o compromisso de colocar na prática os outros 3 compromissos. Você nasceu com o direito de ser feliz. Nasceu com o direito de amar, de aproveitar e compartilhar seu amor. Você está vivo. Portanto, tome sua vida e a aproveite. Não resista à vida que está passando através de você, porque é Deus passando através de você. Apenas sua existência prova a existência de Deus. Sua existência prova a existência da vida e da energia.
Não precisamos saber ou provar coisa alguma. Simplesmente ser, assumir o risco e apreciar a vida é tudo o que importa. Diga "não" quando tiver de dizer "não" e "sim" quando tiver de dizer "sim". Você tem o direito de ser você. E só pode ser você quando dá o melhor de si. Quando não dá o melhor de si, está se negando o direito de ser você. Essa é uma semente que deve alimentar em sua mente. Você não precisa de grande sabedoria nem de grandes conceitos filosóficos. Não precisa da aceitação dos outros. Você expressa sua divindade estando vivo e amando a si e aos outros. Os primeiros três compromissos só vão funcionar se você fizer o melhor.
Não espere sempre poder ser impecável com as suas palavras. Seus hábitos rotineiros são fortes e enraizados demais em sua mente. Mas você sempre pode fazer o melhor.
Não espere nunca levar nada para o pessoal. Mas faça o melhor e com a maior consciência - presença - possível.
Não espere que vá parar de tirar conclusões apressadas, que vá começar a perguntar com todo o direito que todos temos. Mas com certeza, todos os santos dias de Deus, você pode fazer o seu melhor, tornando todos estes vírus que perpetuam a ilusão, que nos roubam TODAS as nossas energias através das emoções desequilibradas, INÚTEIS.
E mais: conte sempre, para a boa e efetiva prática destes quatro compromissos, com os melhores óculos para enxergar tudo o que acontece à sua volta – interno e externo. Com a melhor ferramenta para desarmar Vítimas e Juízes: o RISO.
Será ele, o riso, que poderá até virar gargalhada – ou choro de tanto riso –, quando você perceber o tanto de mentira e maldade existe em algumas de suas palavras. Será ele que poderá transformar, curar: a força, a magia, a impecabilidade das suas palavras.
Será ele, o riso, quem o fará rir dos momentos em que você levar – qualquer coisa - para o pessoal. É muito risível percebermos nossas próprias armadilhas de aprisionamento no próprio umbigo.
Será ele, o riso, que poderá se manifestar curativamente, na hora em que você esquecer de perguntar e tirar conclusões precipitadas e enganadas pela ilusão da sua imaginativa mente enevoada (que aliás não ri ou acha graça de nada).
Será ele, o riso, que o motivará a dar o melhor de si. E quanto melhor de si, mais vontade de rir, sorrir e gargalhar.
Enfim, o rir nos coloca rapidamente num balão, posição em que podemos nos ver sob uma ótica muito mais ampla, panorâmica, e assim perceber o quanto “O Eu livre que voa” pode rir “de monte” do “Eu aprisionado pelas suas ilusões, crenças e condicionamentos”.
Ra-ra-ra, re-re-re, ri-ri-ri, ro-ro-ro, ru-ru-ru!
Será ele, o riso, que irá fazê-lo relaxar a cada momento, que com a presença do riso será REAL, na coragem "impecável" e "divertida" para se libertar!
Referências: Os quatro compromissos – o livro da Filosofia Tolteca – Don Miguel Ruiz – editora Best Seller e Quero Viver num Planeta que RI - Conceição Trucom - edição independente na forma de livro eletrônico.
Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para o bem-estar e qualidade de vida. Visite seu Site no STUM
Email: mctrucom@docelimao.com.br
Folha de São Paulo - 12/08/2010 - 00h03 - Hélio Schwatsman - PARA PENSAR
Folha de São Paulo (12/08/2010 - 00h03) Hélio Schwatsman
O escritor existencialista Albert Camus (1913-1960) certa vez escreveu: "Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia".
A crer na psiquiatria, esse já deixou de ser um problema filosófico. "Estudos mostram que 90% dos suicídios estão associados a transtornos mentais; e os outros 10% foram mal investigados", diz o psiquiatra Bruno Mendonça Coêlho, da USP, com quem conversei para fazer uma matéria sobre o assunto que foi publicada na Folha no último sábado.
Longe de mim querer negar as evidências empíricas. É só o teste da realidade que distingue a ciência de nossas fantasias e delírios pessoais. Ainda assim, acho que Camus não estava tão errado assim. Mesmo que a esmagadora maioria das pessoas que tenta e eventualmente consegue se matar padeça de uma ou mais afecções psiquiátricas, isso não invalida a discussão filosófica em torno do valor da vida e da moralidade de interrompê-la. O próprio Coêlho admite a possibilidade teórica do "suicídio filosófico": "Talvez o monge tibetano que se mata em protesto contra a China, mas é um número desprezível dos casos".
Antes de recorrer aos filósofos, contudo, acho que vale dar uma espiadela na demografia do suicídio. Nós, brasileiros, não costumamos vê-lo como um problema muito sério. É que nossos números são relativamente modestos quando comparados aos do resto do mundo e às cifras da violência interpessoal. Por aqui, a taxa anual de suicídios por 100 mil habitantes é de 4,68. Já a de homicídios, é de 25,2 --cinco vezes mais.
Em escala global, porém, o quadro se inverte. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a taxa global de suicídios fica entre 10 e 30 por cem mil habitantes, com os países campeões, como a Rússia e a Lituânia, exibindo cifras maiores do que 40. É uma das principais causas de morte do planeta. Só no ano 2000, 815 mil pessoas tiraram a própria vida. Isso representa mais do que o total de assassinatos ou de mortos em guerras no mesmo ano. Segundo a OMS, do 1,6 milhão de mortes violentas registrado em 2000, 815 mil se deveram a suicídios, 520 mil a homicídios e 310 mil a conflitos.
É claro que poderíamos passar anos discutindo a qualidade desses números. Por uma série de razões culturais, emocionais, religiosas e até securitárias --suicidas perdem seus seguros de vida--, as pessoas não gostam de alardear que seus parentes se mataram. Muitas vezes, conseguem evitar que o corpo vá para o Instituto Médico Legal e a causa conste do certificado de óbito. Com isso, as estatísticas acabam refletindo um número de suicídios menor do que o real. Isso ocorre não só no Brasil, mas no mundo todo. Em que grau é a pergunta que ninguém sabe responder.
E, se contar corretamente cadáveres já é difícil, muito mais é computar pensamentos e atitudes que de algum modo se relacionam ao suicídio. Foi essa, entretanto, a proposta do núcleo de epidemiologia psiquiátrica da USP, do qual Coêlho faz parte. Num artigo que está prestes a ser publicado na "Revista Brasileira de Psiquiatria", eles tentaram quantificar, numa amostra comunitária, as cognições e comportamentos relacionados a suicídio (CCS) e relacioná-los a transtornos mentais.
Para isso, realizaram 1.464 entrevistas domiciliares em São Paulo, nas quais pesquisadores treinados aplicaram questionários padronizados para o diagnóstico de transtornos mentais e fizeram perguntas para avaliar as CCS. Concluíram que 9,5% já tiveram pensamentos suicidas e 3,1% tentaram tirar a própria vida. Transtornos depressivos, por vezes associados ao abuso ou dependência de álcool e de outras drogas, foram identificadas num número significativo desses casos.
Mas chega de chatear o leitor com números. Antes de ser sequestrado pela medicina, o debate filosófico em torno do suicídio mobilizou grandes pensadores. De um lado, estão aqueles que, amparados nas tradições judaico-cristã e platônica, condenaram o suicídio.
Um bom representante dessa espécie é santo Tomás de Aquino (1225?-1274). Para ele, o suicídio é errado porque contraria a lei natural, faz mal à família e à sociedade e, mais importante, ofende a Deus, a quem nossas vidas pertencem.
Opondo-se a essa visão, David Hume (1711-1776) escreveu seu "Ensaio sobre o Suicídio". Para o autor, Deus deu ao homem e aos animais o poder de alterar a natureza em proveito próprio. É assim que é lícito à humanidade emprestar a força dos rios para mover moinhos e rodas d'água. Em princípio, portanto, nada há de errado em alterar o curso da vida (suicidar-se) em busca de maior quinhão de felicidade, isto é, para pôr fim a um estado de miséria ou sofrimento. Se não há crime em "desviar o curso do Nilo ou do Danúbio, sendo eu capaz de fazê-lo, onde está o crime em desviar algumas onças de sangue de seu canal natural?".
Numa linha semelhante vão os existencialistas, mais especificamente Jean-Paul Sartre (1905-80). Para Sartre, é claro, Deus não existe. Mas isso não é exatamente uma boa notícia. Sem o Criador, nós ficamos sós no mundo. Pior, sabemos que vamos morrer e então não seremos nada. Se há palavras que descrevem bem a condição humana no existencialismo, elas são: angústia, desespero, absurdo e náusea. Só o que resta, para Sartre, é a liberdade, ainda que sob condições externas não controladas pelo indivíduo.
A liberdade sartriana opera mais como um fardo do que como uma dádiva. "Estamos condenados à liberdade" é o lema existencialista. Não escolhemos existir, mas, uma vez lançados no mundo ao nascer, somos os únicos responsáveis por tudo o que fazemos. O principal para o existencialismo é que sempre está em nosso poder alterar nossa existência, cuja liberdade só cessa com a morte. Daí que Camus afirmou que o suicídio é a única questão filosófica importante.
Se quisermos, um existencialista "avant la lettre" foi o estoico Epicteto (55 - 135): "Lembra-te de que a porta permanece aberta. Não sejas mais medroso do que as criancinhas, mas faze como elas quando estão cansadas de seus jogos e gritam 'não brinco mais'; quando estiveres em situação similar, grita 'não brinco mais' e parte; mas, se ficares, não chores".
Hoje, é claro, os Epictetos, Camus e Humes seriam medicados com antidepressivos. A filosofia sobreviveria? Provavelmente sim, mas as imagens e metáforas talvez ficassem piores.
O escritor existencialista Albert Camus (1913-1960) certa vez escreveu: "Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia".
A crer na psiquiatria, esse já deixou de ser um problema filosófico. "Estudos mostram que 90% dos suicídios estão associados a transtornos mentais; e os outros 10% foram mal investigados", diz o psiquiatra Bruno Mendonça Coêlho, da USP, com quem conversei para fazer uma matéria sobre o assunto que foi publicada na Folha no último sábado.
Longe de mim querer negar as evidências empíricas. É só o teste da realidade que distingue a ciência de nossas fantasias e delírios pessoais. Ainda assim, acho que Camus não estava tão errado assim. Mesmo que a esmagadora maioria das pessoas que tenta e eventualmente consegue se matar padeça de uma ou mais afecções psiquiátricas, isso não invalida a discussão filosófica em torno do valor da vida e da moralidade de interrompê-la. O próprio Coêlho admite a possibilidade teórica do "suicídio filosófico": "Talvez o monge tibetano que se mata em protesto contra a China, mas é um número desprezível dos casos".
Antes de recorrer aos filósofos, contudo, acho que vale dar uma espiadela na demografia do suicídio. Nós, brasileiros, não costumamos vê-lo como um problema muito sério. É que nossos números são relativamente modestos quando comparados aos do resto do mundo e às cifras da violência interpessoal. Por aqui, a taxa anual de suicídios por 100 mil habitantes é de 4,68. Já a de homicídios, é de 25,2 --cinco vezes mais.
Em escala global, porém, o quadro se inverte. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a taxa global de suicídios fica entre 10 e 30 por cem mil habitantes, com os países campeões, como a Rússia e a Lituânia, exibindo cifras maiores do que 40. É uma das principais causas de morte do planeta. Só no ano 2000, 815 mil pessoas tiraram a própria vida. Isso representa mais do que o total de assassinatos ou de mortos em guerras no mesmo ano. Segundo a OMS, do 1,6 milhão de mortes violentas registrado em 2000, 815 mil se deveram a suicídios, 520 mil a homicídios e 310 mil a conflitos.
É claro que poderíamos passar anos discutindo a qualidade desses números. Por uma série de razões culturais, emocionais, religiosas e até securitárias --suicidas perdem seus seguros de vida--, as pessoas não gostam de alardear que seus parentes se mataram. Muitas vezes, conseguem evitar que o corpo vá para o Instituto Médico Legal e a causa conste do certificado de óbito. Com isso, as estatísticas acabam refletindo um número de suicídios menor do que o real. Isso ocorre não só no Brasil, mas no mundo todo. Em que grau é a pergunta que ninguém sabe responder.
E, se contar corretamente cadáveres já é difícil, muito mais é computar pensamentos e atitudes que de algum modo se relacionam ao suicídio. Foi essa, entretanto, a proposta do núcleo de epidemiologia psiquiátrica da USP, do qual Coêlho faz parte. Num artigo que está prestes a ser publicado na "Revista Brasileira de Psiquiatria", eles tentaram quantificar, numa amostra comunitária, as cognições e comportamentos relacionados a suicídio (CCS) e relacioná-los a transtornos mentais.
Para isso, realizaram 1.464 entrevistas domiciliares em São Paulo, nas quais pesquisadores treinados aplicaram questionários padronizados para o diagnóstico de transtornos mentais e fizeram perguntas para avaliar as CCS. Concluíram que 9,5% já tiveram pensamentos suicidas e 3,1% tentaram tirar a própria vida. Transtornos depressivos, por vezes associados ao abuso ou dependência de álcool e de outras drogas, foram identificadas num número significativo desses casos.
Mas chega de chatear o leitor com números. Antes de ser sequestrado pela medicina, o debate filosófico em torno do suicídio mobilizou grandes pensadores. De um lado, estão aqueles que, amparados nas tradições judaico-cristã e platônica, condenaram o suicídio.
Um bom representante dessa espécie é santo Tomás de Aquino (1225?-1274). Para ele, o suicídio é errado porque contraria a lei natural, faz mal à família e à sociedade e, mais importante, ofende a Deus, a quem nossas vidas pertencem.
Opondo-se a essa visão, David Hume (1711-1776) escreveu seu "Ensaio sobre o Suicídio". Para o autor, Deus deu ao homem e aos animais o poder de alterar a natureza em proveito próprio. É assim que é lícito à humanidade emprestar a força dos rios para mover moinhos e rodas d'água. Em princípio, portanto, nada há de errado em alterar o curso da vida (suicidar-se) em busca de maior quinhão de felicidade, isto é, para pôr fim a um estado de miséria ou sofrimento. Se não há crime em "desviar o curso do Nilo ou do Danúbio, sendo eu capaz de fazê-lo, onde está o crime em desviar algumas onças de sangue de seu canal natural?".
Numa linha semelhante vão os existencialistas, mais especificamente Jean-Paul Sartre (1905-80). Para Sartre, é claro, Deus não existe. Mas isso não é exatamente uma boa notícia. Sem o Criador, nós ficamos sós no mundo. Pior, sabemos que vamos morrer e então não seremos nada. Se há palavras que descrevem bem a condição humana no existencialismo, elas são: angústia, desespero, absurdo e náusea. Só o que resta, para Sartre, é a liberdade, ainda que sob condições externas não controladas pelo indivíduo.
A liberdade sartriana opera mais como um fardo do que como uma dádiva. "Estamos condenados à liberdade" é o lema existencialista. Não escolhemos existir, mas, uma vez lançados no mundo ao nascer, somos os únicos responsáveis por tudo o que fazemos. O principal para o existencialismo é que sempre está em nosso poder alterar nossa existência, cuja liberdade só cessa com a morte. Daí que Camus afirmou que o suicídio é a única questão filosófica importante.
Se quisermos, um existencialista "avant la lettre" foi o estoico Epicteto (55 - 135): "Lembra-te de que a porta permanece aberta. Não sejas mais medroso do que as criancinhas, mas faze como elas quando estão cansadas de seus jogos e gritam 'não brinco mais'; quando estiveres em situação similar, grita 'não brinco mais' e parte; mas, se ficares, não chores".
Hoje, é claro, os Epictetos, Camus e Humes seriam medicados com antidepressivos. A filosofia sobreviveria? Provavelmente sim, mas as imagens e metáforas talvez ficassem piores.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
sábado, 7 de agosto de 2010
- A Força e a Coragem –
- A Força e a Coragem –
É preciso ter força para ser firme mas é preciso coragem para ser gentil.
É preciso ter força para se defender mas é preciso coragem para baixar a guarda.
É preciso ter força para ganhar uma guerra mas é preciso coragem para se render.
É preciso ter força para estar certo mas é preciso coragem para ter dúvida.
É preciso ter força para manter-se em forma mas é preciso coragem para ficar em pé.
É preciso ter força para sentir a dor de um amigo mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.
É preciso ter força para esconder os próprios males mas é preciso coragem para demonstrá-los.
É preciso ter força para suportar o abuso mas é preciso coragem para faze-lo parar.
É preciso ter força para ficar sozinho mas é preciso coragem para pedir apoio.
É preciso ter força para amar mas é preciso coragem para ser amado.
É preciso ter força para sobreviver mas é preciso coragem para viver.
Se você sente que lhe faltam a força e a coragem queira
Deus que o mundo possa abraçá-lo hoje com seu calor e Amor !
E que o vento possa levar-lhe uma voz que lhe diz que há um Amigo em algum lugar do Mundo desejando que você esteja bem e quea cima de tudo seja muito feliz!!!
Silvia Schmidt
(Original em inglês de Susie Q'sWorld - Tradução autorizada pela autora)
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